Projeto para jogar esgoto no Rio Tramandaí é uma ameaça ao litoral gaúcho
Tenho um laço afetivo com Tramandaí. Foi ali, desde a minha infância, que veraneava com minha família, hospedando-nos na colônia de férias do ACM [Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul] e, uma vez, pela Ufrgs. Confesso que, por ser muito pequeno, quem me lembrou dessas memórias foi meu irmão, Darwin. Adulto, estive recentemente nesta cidade, um povo acolhedor, solidário, com quem cultivei boas relações de amizade. É com este sentimento de ligação e carinho por Tramandaí que abordo uma questão que aflige nossa região: o polêmico projeto de esgoto que pretende ser despejado no Rio Tramandaí.
Este projeto, que visa modernizar o sistema de saneamento básico da região, tem gerado preocupação entre moradores e ambientalistas. O esgoto, se não tratado adequadamente, pode acarretar sérios impactos ambientais e de saúde pública. O Rio Tramandaí é vital para a cidade de Tramandaí e outras litorâneas como Imbé, Capão da Canoa, Osório, Torres, Maquiné, Três Forquilhas e Dom Pedro de Alcântara.
O despejo de esgoto no Rio Tramandaí pode levar a uma série de consequências ambientais devastadoras. A poluição das águas não apenas afeta a fauna e a flora aquática, mas também compromete a qualidade da água utilizada para consumo humano e atividades recreativas. A degradação dos ecossistemas costeiros, essenciais para a manutenção da biodiversidade, pode ser irreversível.
A presença de contaminantes no rio aumenta o risco de doenças de veiculação hídrica, como hepatite A, cólera e gastroenterite. As populações ribeirinhas e os turistas que frequentam as praias da região podem estar expostos a esses riscos, comprometendo a saúde pública e a economia local, que depende fortemente do turismo.
A degradação ambiental e a potencial perda da qualidade das águas balneáveis podem impactar negativamente o turismo, principal fonte de renda para muitas famílias da região. Hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais podem sofrer com a diminuição do fluxo de visitantes, resultando em perdas econômicas significativas.
É crucial que a comunidade se mobilize para discutir e encontrar soluções sustentáveis para o problema do saneamento básico.
Existem alternativas tecnológicas que permitem o tratamento do esgoto de forma eficiente, sem a necessidade de despejo direto no rio. Projetos de saneamento que integram tratamento biológico e reuso da água podem ser explorados como opções viáveis.
O desenvolvimento sustentável deve ser a prioridade em qualquer projeto de infraestrutura. O equilíbrio entre progresso e preservação ambiental é fundamental para garantir um futuro saudável e próspero para nossa região litorânea.
Convido todos os cidadãos, autoridades e especialistas a se engajarem neste debate, buscando soluções que respeitem nosso meio ambiente e promovam a saúde e o bem-estar de nossa comunidade. Preservar o Rio Tramandaí é preservar nossas memórias, nossa identidade e nosso futuro.
* Jornalista político e articulista apoiador no Luiz Muller Blog
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul