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Mulheres extrativistas enfrentam preconceito e geram renda na Amazônia

31.05.2025 4 min read

Há cerca de dez anos, quando saíam para colher murumuru (fruto de uma palmeira tropical) na Floresta Amazônica, as mulheres da comunidade São José, no norte da Ilha do Marajó (PA), ouviam de seus maridos e vizinhos a pergunta: “As loucas já vão pro mato?”

Mesmo com as críticas e o preconceito, elas não desistiram e seguiram em frente, como lembra a extrativista Benedita de Oliveira. “Quando nós começamos a trabalhar, foi muito difícil. Muito difícil mesmo. A gente saía para o mato, deixava tudo em casa e, quando chegava, ainda tinha que fazer janta, ajeitar tudo. E nós fomos muito criticadas pelos homens. Só que nós não ligamos… nós continuamos!”

“Quando a fruta do murumuru cai do pé, ela acumula uma em cima da outra, aí ela vai fermentando e cria um mau cheiro, né? Por isso que a gente era chamada por eles de ‘mulheres fedorentas’, porque eles diziam que aquele mau cheiro entranhava”, acrescenta Jesuína Batista Rosa (à esquerda na foto principal).

Mas, por baixo da polpa “fedorenta”, até então consumida apenas como alimento por animais selvagens e de criação, há uma semente muito valorizada pela indústria cosmética. À medida que a renda familiar foi aumentando, os homens foram obrigados a reconhecer e respeitar o trabalho de suas companheiras. Antes disso, nenhuma das mulheres que fazem parte do grupo de extrativistas do Maniva –  nome do igarapé do Rio Amazonas que banha a comunidade – tinha renda própria.

A grande maioria delas se casou ainda na adolescência e se dedicava exclusivamente aos cuidados da casa e dos filhos, quando a oportunidade de se tornar extrativista apareceu, por demanda da empresa de cosméticos Natura, em parceria com a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (Ataic), outra comunidade do Marajó. Elas também fornecem ucuuba, fruto de uma grande árvore, que também cai depois de maduro e geralmente é retirado da superfície dos rios.

Lourdes Batista Silva hoje está afastada da colheita por questões de saúde, mas, além de ser uma das primeira extrativistas do Maniva, também foi responsável por integrar muitas das outras participantes.

“Eu falo de boca cheia que tenho orgulho da minha pessoa. Eu me casei com 15 anos, minha primeira filha eu tive com 16, e eu nunca deixei de trabalhar. Mas, quando a gente começou a vender o murumuru, muita coisa mudou, porque aí eu passei a não depender de homem.”

Benedita também sente o mesmo orgulho: “Nós, mulheres, a gente não era vista, não era reconhecida. Fomos discriminadas, mas agora acabou. Eu até consegui realizar o meu sonho de viajar de avião. Foi a coisa mais incrível do mundo que eu tenho na memória! E agora este ano conseguimos essa casa aqui, né? Cada uma de nós ajudou um pouquinho.”

A casa mencionada por ela se trata do Centro de Produção das Mulheres do Maniva, onde as sementes são quebradas e armazenadas, até somarem uma quantidade suficiente para serem levadas pela Ataic e vendidas para a Natura. Elas explicam o processo: as sementes de murumuru são separadas da polpa ainda na floresta, lavadas no rio e colocadas para secar por alguns dias em uma estufa. Depois, as sementes são quebradas e as amêndoas – tanto do murumuru quanto da ucuuba –, ensacadas para envio.

Recentemente o grupo conseguiu aposentar o martelo que era usado para quebrar as sementes manualmente – e que também acabava machucando alguns dedos durante o processo –, após ganhar uma máquina que agilizou muito o trabalho. Graças às mulheres extrativistas, a comunidade também recebeu painéis de energia solar, que melhoraram muito a qualidade de vida da comunidade.

“Eu sempre tive o desejo de ajudar na renda familiar, e a natureza me ajudou a não ser uma mulher só do lar, a entender que o trabalho não é só para o homem. Não! Nós mulheres somos capazes de nos transformar e transformar o mundo também… juntas, unindo as nossas forças. Porque nós somos fortes e nós damos as nossas mãos”, conta Dionete da Silva Cardoso (à direita na foto principal).

“Eu sempre digo para minhas filhas, se tiver alguma coisa no nosso caminho, vamos dar um jeitinho de afastar e vamos prosseguir”, completa ela.

O desafio agora é enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, que já estão sendo sentidos pelas populações da floresta, como lembra Dionete: “Este ano, acho que a gente vai conseguir fazer uma entrega boa por causa da chuva. Mas, nos últimos dois anos, foi mais difícil por causa da seca. Quando ela acontece, diminui a produção do murumuru e de todas as espécies de frutos que nós temos aqui.”

*A repórter viajou a convite da Natura

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