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Estudo mostra que demarcar terras indígenas melhora saúde da população

26.09.2025 5 min read

Um estudo liderado por pesquisadoras brasileiras juntou dados dos primeiros 20 anos deste século e concluiu que as Terras Indígenas, principalmente as legalizadas, tem impacto real na mitigação de doenças causadas por queimadas e nas doenças infecciosas tropicais em cidades localizadas a um raio de até 500 quilômetros de distância.

A análise foi possível após uma coleta de dados extensa, que incluiu os nove países que compõem a região amazônica. Em um estudo paralelo, as pesquisadoras avaliaram o impacto das terras indígenas na Mata Atlântica, com resultado semelhante. 

“Nossas descobertas reforçam a importância do reconhecimento legal das Terras Indígenas (TIs), não apenas para conter o desmatamento, mas também para melhorar a saúde humana local”, diz o estudo, publicado este mês na revista científica Nature. 

“O equilíbrio entre os modos de vida tradicionais autóctones e a sustentabilidade dos recursos naturais é frágil e pode ser enfraquecido por mudanças socioeconômicas e ambientais, levando potencialmente ao colapso das populações animais e ameaçando a dinâmica ecológica essencial para preservar o surgimento de doenças.” 

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Fumaça de queimadas

A pesquisa, liderada por Julia Barreto, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), e por Paula Prist, do Forests and Grassland Program, da União Internacional pela Conservação da Natureza, instituto de pesquisa sediado em Washington (EUA), avaliaram dados entre os anos 2000 e 2019, analisando o impacto de material particulado proveniente das queimadas com dimensões inferiores a 2,5 micrômetros.

A escolha por este poluente tem relação com o impacto que ele provoca na saúde: irrita mucosas, afeta a respiração, causando doenças respiratórias, e se acumula no sistema sanguíneo, aumentando a incidência de doenças cardiovasculares, explicou Paula Prist. Além disso esse material viaja a até 500 quilômetros de distância dos focos de queimadas, carregado pelos ventos.

“A gente acaba usando duas maneiras de tentar entender de uma maneira mais completa o que ocorreu. Fazemos inferências a partir de grandes extensões de dados, no tempo e no espaço. O ideal é quanto mais tempo e mais espaço se tem, mais podemos enriquecer o nosso modelo, inclusive quando pensamos no método de estatística usado. Isso enriquece a base de dados, embora seja um desafio pois aumenta a complexidade do que temos de analisar”, explicou Julia Barreto à Agência Brasil.

“A maior importância disso é a de que, quanto mais anos a gente tem, menor fica a variação decorrente de anos atípicos. Dessa forma os diferentes fatores que afetam o cenário – político, social, pandemia, ciclos de clima – impactam menos no nosso resultado. A série temporal longa permite mais acurácia na pesquisa, com uma resposta mais robusta”, complementa Paula Prist.

Com estes dados iniciais as pesquisadores estabeleceram uma rede de colaboração com cientistas dos demais países que formam a Amazônia: Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Suriname, Guiana Francesa e Guiana.

A rede buscou dados que pudessem ser comparados sobre doenças causadas por poluição e por agentes infecciosos, como a malária, a Leishmaniose e o Hantavírus. Também cruzaram informações sobre populações indígenas nos nove países, em terras legalmente protegidas ou não.
 

Resultados

As conclusões apontam que as TIs protegidas legalmente diminuem o impacto de queimadas, seja na quantidade de focos, seja na extensão do dano (área queimada e quantidade de material emitido), além de terem impacto na disseminação das doenças infecciosas.

“Analisamos a população inteira da Amazônia. Precisa-se de muito mais floresta para proteger um município degradado. O contexto do município é importante nessa equação. A Terra Indígena protegida equilibra toda a região”, explica Paula Prist.

O trabalho confirmou a hipótese de que os territórios indígenas legalmente reconhecidos oferecem maiores benefícios colaterais para a saúde humana devido à eventual redução da exploração e à maior integridade florestal em comparação com as terras indígenas não reconhecidas.

A associação entre essas terras e os benefícios à saúde foram classificadas como complexas, não lineares e variando de acordo com as doenças estudadas. Dessa forma diferentes configurações de preservação (áreas maiores ou menores, mais ou menos densas) têm influência diferente de acordo com vetores e características dos agentes causadores das moléstias.

Para as doenças respiratórias, ampla maioria dos casos analisados, a relação é bem direta: quanto maior a integridade e extensão das áreas de floresta menor é o impacto na saúde dos moradores.

Um dado interessante levantado no estudo é o de que municípios com maior devastação nas áreas fora das terras indígenas precisam mais destas reservas para compensar os impactos de queimadas. Em municípios com áreas preservadas abaixo de 40% essa influência decai a ponto de ser residual, principalmente para as doenças infecciosas. 

Um dos mecanismos que o estudo observou é o de que as áreas florestais e, particularmente, os territórios indígenas, podem desempenhar um papel fundamental na mitigação da poluição do ar, removendo o material particulado do ambiente por meio do processo de deposição seca.

Portanto, proteger mais áreas florestais sob o manejo dos povos indígenas poderia reduzir significativamente os poluentes atmosféricos e melhorar os resultados de saúde humana.

Outros fatores, como a estrutura da paisagem e a perda remanescente de biodiversidade, mas também a exposição humana, o comportamento e fatores socioeconômicos são importantes nessa dinâmica, mas necessitam de estudos locais para se transformar em políticas públicas de saúde.

“Uma mensagem central do trabalho é que a gente trouxe mais uma evidência do papel dos territórios indígenas e de sua proteção. A importância desses territórios está além do reconhecimento do direito ancestral. Eles têm um papel sobre a saúde humana, com evidências de seus benefícios”, conta Julia Barreto. 

A pesquisadora destaca que o alcance dos benefícios para a saúde vai além dos indígenas que moram nos territórios demarcados, beneficiando moradores de  cidades próximas.

“Nos nossos dados e em outros trabalhos percebemos um impacto também na proteção desses territórios na saúde das populações próximas. As TIs têm um serviço ambiental importante, uma capacidade de tornar paisagens mais saudáveis para toda a região”, conclui Julia.

A pesquisadora do IEA citou ainda a importância da rede formada no levantamento e da qualificação dos dados:

“Foi uma parte muito rica e muito legal desse trabalho, levantando questões que podem ser respondidas mais a frente.”

Os dados levantados pela rede estão disponíveis gratuitamente para outros grupos, como forma de devolver à sociedade a oportunidade de trabalhar o tema e reconhecimento do papel colaborativo da ciência.

 

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