Enfrentar os latifúndios, na vida real e na internet
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Há 22 anos, o Brasil de Fato denuncia as injustiças dos latifúndios e das desigualdades. A simples existência deles já é violenta, mas em tempos de crise do capitalismo, é na terra, nos bens da natureza e na classe trabalhadora que os impérios avançam para manter seus lucros crescentes.
Isso explica a sensação de vermos o mundo acelerar mesmo enquanto corre em direção ao abismo, a um cenário de distopia. No capitalismo, enquanto a tragédia, seja ela social ou climática, permite acumular riqueza, não importa que não haja vida no futuro.
Elon Musk praticamente dobrou sua fortuna em 2024, chegando a um patrimônio quase do tamanho do orçamento do Estado brasileiro para um ano inteiro.
Este cenário impõe novos desafios para quem luta pela justiça, e também ao jornalismo, como é de se imaginar. Além de produzir informações bem apuradas sem recursos, é preciso encontrar visibilidade em um mar de desinformação dominado pelos gringos.
Em que momento perdemos a perspectiva de produzir nossa própria tecnologia de comunicação, como uma questão de soberania?
Hoje, a audiência do jornalismo digital depende massivamente das big techs. Enquanto isso, no mundo dos negócios, os donos das principais plataformas se unem sem pudor à extrema direita global e se fundem, vide as cenas tristes da posse de Trump, a um projeto colonial de anexação e extermínio. Na mira, estão territórios, planetas e todo o ambiente virtual.
Deu pra sacar o tamanho do desafio? No Brasil, nós do campo popular, nunca fomos donos de TVs, rádios, ou qualquer meio de comunicação de massa.
A internet, que pode ter representado esperança para quem sonha democratizar a comunicação, tornou-se um ambiente dominado por imensos latifúndios.
O Google concentra 84% da pesquisa global, por exemplo. Imagine o poder dos donos do Google, Meta e Amazon juntos. O potencial destrutivo dessa coalizão de extrema direita é imensurável, mas também inegável.
Estamos reféns das big techs, tentando cultivar alternativas às notícias falsas. Como sabiamente nos disse Erika Hilton, sair desse labirinto exige ocupar as ruas, as redes, todos os espaços que pudermos.
Não vamos deixar que os espaços se tornem um deserto de ódio, mas precisamos de novos ecossistemas e reflorestar a internet degradada, dominada por pouquíssimos ricaços. Precisamos valorizar nossas ferramentas também no meio digital, onde o jornalismo orientado pelo interesse público, e não pelo lucro, se publica e se consome.
É preciso que a sociedade civil e os governos que defendem a democracia reconheçam a necessidade – e encontrem meios imediatos – de investir nesses veículos. É tudo pra ontem, como diz a música interpretada por Emicida e Gil.
No Brasil de Fato, estamos dedicados a criar espaços onde sejam ressoadas as histórias de resistência, de luta e de vitória da classe trabalhadora. Muito em breve, estrearemos um novo site, com mais visibilidade para nossa produção em texto, áudio e vídeo. Um lugar para entrar e ficar. Um refúgio de jornalismo com visão popular.
2025 será um ano de ocupar as ruas e as telas com luta popular e solidária, com agroecologia e inspiração. Um jornalismo forte e plural é fundamental para construção de alternativas ao capitalismo. Estamos na trincheira das ideias lutando por um futuro possível e justo. E precisamos de você, e todo mundo nessa batalha. Antes que seja tarde demais.
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*Rodrigo Chagas é editor-chefe do site Brasil de Fato.