Trump se opõe ao uso de mísseis dos EUA pela Ucrânia em território russo
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, manifestou oposição aos ataques de mísseis de longa distância dos Estados Unidos contra o território russo.
"Acho que a coisa mais perigosa agora, é que está acontecendo: Zelensky decidiu – acredito, com a aprovação do presidente (Joe Biden) – começar a disparar mísseis contra a Rússia. Acho que esta é uma escalada séria. Acho que é uma decisão estúpida", disse Trump.
A declaração do presidente eleito dos EUA foi em uma entrevista concedida à revista Time, que nesta quinta-feira (12) o elegeu como "pessoa do ano" de 2024. A entrevista foi realizada em 25 de novembro às vésperas da participação de Trump na cerimônia de reabertura da Catedral de Notre-Dame em Paris.
"Discordo veementemente do lançamento de mísseis a centenas de quilômetros da Rússia. Por que estamos fazendo isso? Nós também estamos alimentando esta guerra e tornando-a pior", acrescentou o republicano.
Ao ser questionado se, ao assumir a Casa Branca, deixaria de apoiar a Ucrânia, Trump afirmou que pretende usar a ajuda estadunidense como forma de pressão contra a Rússia nas negociações de cessar-fogo.
"Quero chegar a um acordo [sobre um cessar-fogo]. A única forma de o conseguir é não desistir", afirmou o presidente eleito dos EUA.
Entenda o contexto
Em meados de novembro, os EUA autorizaram a Ucrânia a realizar ataques com mísseis de longo alcance contra o território russo. A decisão era aguardada por Kiev há meses. Logo nos dias seguintes à permissão do governo de Joe Biden, a Rússia identificou o uso de armas de longo alcance ocidentais em tentativas de ataques ucranianos realizadas em 19 e 21 de novembro.
De acordo com Moscou, foram identificados seis mísseis de longo alcance ATACMS, dos EUA, e um ataque combinado de mísseis dos sistemas Storm Shadow, fabricados no Reino Unido, e dos sistemas estadunidenses HIMARS, em ataques ucranianos a alvos militares nas regiões russas de Bryansk e Kursk.
A resposta veio de forma imediata. A Rússia atacou a região ucraniana de Dnipro com um armamento inédito e de caráter "experimental", o novo míssil não nuclear de médio alcance Oreshnik.
Otan acusa Rússia de 'avançar ameaça'
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, defendeu nesta quinta-feira (12) que a aliança militar ocidental deve multiplicar seus gastos com defesa para evitar uma "grande guerra" em seu território, acusando a Rússia de representar uma ameaça que, segundo ele, "está avançando rapidamente".
"A Rússia está se preparando para um confronto de longo prazo – tanto com a Ucrânia quanto conosco", disse Rutte em Bruxelas. "Não estamos preparados para o que nos espera daqui a quatro ou cinco anos", acrescentou.
O secretário-geral da Otan disse também que "é hora de mudar para uma mentalidade de tempo de guerra e aumentar a produção e os gastos com defesa"
"Durante a Guerra Fria, os europeus gastaram muito mais de 3% do seu PIB na defesa. Precisaremos de muito mais do que 2%', afirmou o secretário-geral.