Transportadores do Peru fazem greve geral para exigir medidas contra extorsões e aumento da violência
Os transportadores do Peru iniciaram nesta quinta-feira (10) uma greve geral de 72 horas para pedir medidas do governo que garantam a segurança de taxistas, caminhoneiros, motoristas de ônibus e trabalhadores do transporte em geral. Eles denunciam uma série de extorsões e assassinatos cometidos contra esses trabalhadores por grupos criminosos, sendo que nas últimas semanas, 9 trabalhadores foram assassinados nessas condições.
A paralisação foi organizada pelo Sindicato dos Transportadores do Peru e pede que seja derrubada a lei 32108, que mudou a qualificação de crime organizado no país. A regulamentação foi aprovada pelo governo de Dina Boluarte e determinou que seria considerada uma organização criminosa um grupo de três ou mais pessoas “com estrutura complexa e maior capacidade operacional para a prática de crimes graves, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, o controle da cadeia de valor de uma economia ou mercado ilegal”.
Mas para os manifestantes, a lei dificulta a investigação de grupos criminosos no país, principalmente os que atuam no controle de ruas e avenidas. De acordo com o Ministério do Interior do peru, foram deslocados 14 mil policiais e 4 mil soldados para acompanhar as manifestações e “controlar possíveis distúrbios”.
Diferentes cidades do país registraram marchas, sendo as principais na capital Lima e em Callao. Os manifestantes afirmam que o governo ocultou dados e informações sobre a criminalidade no país. O governo decretou em 27 de setembro estado de emergência em 14 províncias por um período de 60 dias. A medida foi uma resposta à primeira manifestação dos transportadores, realizada em 26 de setembro.
A medida envolve restrições à liberdade de trânsito e dá poder de polícia às Forças Armadas nos territórios que estão incluídos. A Policia Nacional também terá que fazer um relatório com as principais medidas adotadas e o resultado de cada ação nas diferentes províncias do Peru.
No entanto, a Aliança Nacional de Transportadores afirma que, desde a declaração de estado de emergência, 14 pessoas foram assassinadas. De acordo com o Ministério da Defesa, foram disponibilizados 38 ônibus das Forças Armadas nas principais áreas paralisadas com os protestos.
Foram registrados confrontos com a polícia em frente a sede do Congresso em Lima, e segundo as autoridades policiais, 13 pessoas foram presas. O vice-presidente da Aliança Nacional dos Transportadores, Júlio Campos, disse que cerca de 400 empresas participaram da “greve pacífica”. Ainda segundo ele, comerciantes também aderiram à paralisação que pede a derrubada da chamada “lei do crime organizado” e denuncia uma onda de extorsões.
Em resposta a escalada de violência, o ministro do Interior, Juan José Santiváñez, disse que o governo adotou uma série de medidas, como a criação de uma equipe de 100 agentes especializados na investigação de crimes e a instalação de novas unidades policiais em diferentes vias e próximas a terminais de ônibus. Ele também anunciou ter apresentado um projeto de lei para endurecer as penas para crimes de extorsão.
Santiváñez também disse que foi criada uma mesa mista que engloba diferentes órgãos públicos responsáveis pela segurança e pelo transporte para coordenar ações para reduzir o número de ocorrências. Segundo as autoridades de segurança peruanas, entre janeiro e setembro foram registradas 14.220 denúncias de extorsão no país.