Proposta brasileira de taxar bilionários tem apoio de países europeus, diz número 2 da Fazenda
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou na tarde desta quarta-feira (28) que a proposta do Brasil para taxar grandes fortunas, apresentada no G20 financeiro já tem o apoio de países europeus.
"A proposta que a gente vem trabalhando no Brasil que é de acabar com os privilégios e corrigir algumas distorções, estamos levando para o âmbito global. Esse debate que nasce dessa proposta, ele deve frutificar e gerar diálogo. Do que a gente já conversou nas [reuniões] bilaterais, os países europeus nos apoiam nessa proposta", disse aos jornalistas no Pavilhão da Bienal no Ibirapuera.
A proposta de criar um tributo mínimo global sobre grandes fortunas para combater as desigualdades no mundo foi apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a abertura da reunião de ministros das Finanças e diretores de bancos centrais, que teve início na manhã desta quarta. Segundo o ministro, a medida "poderá constituir o terceiro pilar para a cooperação tributária internacional".
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) já trabalha dois parâmetros de taxação a nível mundial, voltados para big techs e grandes corporações. A proposta brasileira enfatiza a necessidade de que seja aplicada também uma taxa à pessoas físicas e famílias que concentram grandes fortunas. "Chegamos a uma situação insustentável em que o 1% mais rico detém 43% dos ativos financeiros mundiais e emitem a mesma quantidade de carbono que os 2/3 mais pobres da humanidade", enfatizou Haddad. O ministro da Fazenda participou de forma virtual no evento por ter testado positivo para Covid-19 no domingo (25).
Consenso em comunicado do G20 financeiro
O secretário-executivo da Fazenda representou Haddad nos compromissos presenciais do Brasil no G20 financeiro nesta quarta (28) e aponta que o combate à desigualdade e a transformação ecológica foram consensos alcançados pelo país no comunicado que deve ser divulgado nesta quinta (29), ao final do evento.
"A gente sabe que o mundo vive um momento geopolítico tenso. Presidindo o G20 financeiro, nos importa focar no que é importante para a economia. A discussão da desigualdade e da transformação ecológica, o mundo precisa disso, os países do Sul Global, os países desenvolvidos têm dito isso. A transformação ecológica é a pauta de desenvolvimento", disse Dario Durigan aos jornalistas.
"O Brasil tem um lugar único, uma oportunidade única nesse momento. O comunicado nasce desse consenso econômico, a gente procura evitar outras discussões que não agregam. Há um consenso e uma coesão nos temas econômicos."
Meio Ambiente e insegurança alimentar
Na Guiana, onde participa do encerramento da cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou duas questões que serão prioritárias de sua gestão à frente do G20. Em seu discurso, o presidente disse que não é possível “um mundo que produz alimentos suficientes para todas as pessoas, continue a conviver com a fome”.
De acordo com Lula, “o Brasil pode oferecer gêneros alimentícios a preços competitivos e contribuir para fortalecer a agricultura local". Convidou os países da Caricom para integrar a aliança de combate à fome e pobreza que será lançada pelo Brasil durante a presidência do G20, mobilizando recursos e políticas públicas para essa causa.
Lula também fez um apelo para que os países integrem alianças para a defesa do meio ambiente. O G20 financeiro vai até esta quinta-feira (28) em São Paulo.