Partido de Ortega ganha eleições regionais na Nicarágua; país repudia relatório da ONU sobre violações de direitos humanos
O partido Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), do presidente nicaraguense Daniel Ortega conquistou o controle total dos governos do Sul e do Norte das regiões autônomas da Costa do Caribe. O resultado foi obtido após o Conselho Supremo Eleitoral (CSE) anunciar sua vitória com 89,86% dos votos, no primeiro relatório preliminar após as eleições regionais que foram realizadas no domingo (3).
Nessas eleições, foram escolhidos os 45 membros dos Conselhos Regionais no Norte e outros 45 no Sul dessa região caribenha da Nicarágua. As autoridades eleitorais do país apontam uma participação de 48,30% do total de eleitores neste pleito.
Repúdio a relatório da ONU
A Nicarágua repudiou, na última quinta-feira (29), por considerar "irreal e irracional", o relatório de especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) que alertou para um "aumento exponencial" das violações dos direitos humanos no país e pediu o reforço das sanções internacionais contra Manágua.
"Não aceitamos estes autoproclamados especialistas em direitos humanos para que, mediante seus relatórios unilaterais e enviesados, emitam um critério irreal e irracional sobre a realidade do povo nicaraguense", disse a procuradora-geral da Nicarágua, Wendy Morales, de acordo com o portal oficial El 19 Digital. "Qualquer atualização, relatório ou declaração carece de um mínimo de credibilidade", acrescentou a representante legal do Estado.
No relatório, o grupo de especialistas da ONU acusou o governo da Nicarágua de aumentar exponencialmente as violações dos direitos humanos em 2023 e afirma que o governo do presidente Daniel Ortega comete "abusos e crimes" para "eliminar todas as vozes críticas e dissuadir, a longo prazo, qualquer nova organização e iniciativa de mobilização social".
O grupo da ONU afirma que "a situação piorou" em 2023 devido à "consolidação e centralização de todos os poderes e instituições do Estado", especialmente o poder Judiciário, nas mãos de Ortega e da sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo.
Criado em 2022 pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, o grupo especial tem mandato para investigar a situação da Nicarágua desde abril de 2018, quando eclodiram protestos contra o governo Ortega, cuja repressão deixou 355 mortos e centenas de detidos.