Movimentos repudiam ataque contra ativista na véspera de aniversário do golpe na Argentina
A organização de direitos humanos argentina Hijos (Filhos e Filhas pela Identidade e Justiça contra o Esquecimento e o Silêncio) denunciou nesta quinta-feira (21) que uma militante – cuja identidade está sendo preservada – foi agredida sexualmente e ameaçada de morte por dois homens que invadiram sua casa. O local da agressão também está sendo omitido na denúncia para preservar a vítima.
“Ela foi amarrada, golpeada, abusada sexualmente” e “sofreu ameaças de morte de parte de seus captores”, diz o comunicado divulgado pela organização. A agressão ocorreu poucos dias antes da mobilização que está programada para o domingo (24), data que marca o aniversário do golpe civil e militar que instaurou a última ditadura na Argentina (1976 – 1983).
Segundo o comunicado da organização, a vítima teria sido ameaçada com armas de fogo e os agressores disseram com clareza a seguinte mensagem: "Não viemos te roubar, viemos te matar. Somos pagos para isso."
Segundo o grupo Hijos, nas paredes da casa da vítima foram pichadas as iniciais VLLC – Viva La Libetad Carajo, bordão usado por Javier Milei que se tornou lema da extrema-direita na Argentina, base de seu partido A Liberdade Avança. Com base nesses elementos, e com o fato de que nenhum item da vítima foi roubado, o comunicado do Hijos afirma que o atentado foi “um ataque político, motivado por sua militância em direitos humanos e feminista.”
"Estes atos têm uma clara relação com as ações e os discursos de ódio que as autoridades máximas do país expressam cotidianamente e incita a violência contra nós que militamos pelos direitos humanos. Exigimos o imediato esclarecimento do fato por parte do poder judicial e responsabilizamos o governo nacional pelos fatos ocorridos”, diz o comunicado.
A agressão foi repudiada enfaticamente por um arco amplo de organizações, parlamentares, militantes políticos e de organismos de direitos humanos. A presidenta das Avós da Praça de Maio, Estela Barnes de Carlotto, pediu a investigação do ato que classificou como “abominável” em entrevista à radio El Destape.
A organização de esquerda kirchnerista La Cámpora também exigiu o esclarecimento dos fatos.“A 48 anos do golpe genocida, nós argentinos e as argentinas não podemos permitir o recrudescimento da violência política e dos discursos de ódio”, defendeu a organização em suas redes.
O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof repudiou o “fato gravíssimo” e exigiu seu imediato esclarecimento. “Não podemos permitir que o ódio e a violência política se instalem em nosso país.”
Em uma coletiva de imprensa, o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, disse que o governo espera “que a justiça avance e esclareça esse caso, e que os responsáveis paguem por seus atos”.
*Com Tiempo Argentino