Macron fala em envio de tropas à Ucrânia; Kremlin diz que isso representaria 'conflito direto com Otan'
O presidente francês, Emmanuel Macron, após uma reunião de líderes europeus em Paris, anunciou nesta terça-feira (27) a criação de uma nova coligação que fornecerá mísseis e munições de longo alcance à Ucrânia.
O líder francês afirmou que, para alcançar a vitória sobre a Rússia na guerra, "não se pode descartar o envio de forças terrestres ocidentais para o país", mas observou que este assunto não tem consenso entre líderes europeus.
"Hoje não há consenso sobre o envio de tropas terrestres, mas nada pode ser descartado. Faremos todo o possível para evitar que a Rússia ganhe esta guerra", disse Macron, citado pela AFP.
"Estamos convencidos de que a derrota da Rússia é necessária para a segurança e a estabilidade na Europa", acrescentou.
Ao comentara a declaração de Macron, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia levará a um confronto militar direto entre a Rússia e a Otan.
"Neste caso, precisamos falar não de probabilidade, mas de inevitabilidade. É assim que iremos avaliar. E é dessa forma que estes países deveriam avaliar e estar conscientes disso. E perguntar-se se isso corresponde aos seus interesses, e o mais importante, aos interesses dos cidadãos dos seus países", disse o porta-voz.
Peskov ressaltou que Moscou sabe não haver consenso na Europa sobre a questão do envio de militares. Ele observou que vários países participantes na reunião em Paris que mantêm "uma avaliação bastante sóbria dos perigos potenciais de tal ação e do perigo potencial de estarem diretamente envolvidos em um conflito quente".
O porta-voz do presidente Vladimir Putin ainda destacou que a posição de Macron sobre a necessidade de infligir uma derrota estratégica à Rússia é bem conhecida no Kremlin.
Macron é contrariado por Otan
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, por sua vez, disse que a aliança não tem planos de enviar os seus militares para a Ucrânia. Citado pela AP, Stoltenberg declarou que "os aliados da Otan estão fornecendo um apoio sem precedentes à Ucrânia".
"Temos feito isto desde 2014 e intensificamos após a invasão em grande escala. Mas não há planos para estacionar tropas da Otan em território ucraniano", disse.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, também descartou categoricamente a possibilidade de países europeus e membros da aliança da Otan enviarem tropas terrestres para a Ucrânia.
"Ontem, em Paris, concordamos que todos deveriam fazer mais pela Ucrânia. Ela precisa de armas, munições e defesa aérea. Estamos trabalhando nisso. Uma coisa é certa: não haverá tropas terrestres de países europeus ou da OTAN. Isto também se aplica a nós", declarou Scholz em postagem nas redes sociais.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, também comentou a declaração do presidente francês, afirmando que a discussão dos países europeus sobre a opção de enviar tropas para a Ucrânia deve-se à falta de resultados no aumento da assistência militar às Forças Armadas da Ucrânia.
"Na ausência de quaisquer resultados visíveis no aumento da assistência à Ucrânia na forma de fornecimento de munições e armas. A este respeito, aliás, as autoridades ucranianas regularmente, quase diariamente, criam tais escândalos na mídia", disse Lavrov, citado pela agência russa RIA Novosti.