Skip to content

News Brazilia

O site de notícias sobre o Brasil oferece informações abrangentes sobre os acontecimentos atuais na política, economia, cultura e sociedade do país. As atualizações regulares garantem a relevância dos materiais e uma ampla cobertura de temas que refletem a vida no Brasil.

Primary Menu
  • Cultura
  • Direitos Humanos
  • Opinião
  • Política
  • Geral
  • Mundo
  • Saúde
  • Home
  • Mundo
  • Líder anti-imperialista em Burkina Faso, Traoré se destaca na África
  • Mundo

Líder anti-imperialista em Burkina Faso, Traoré se destaca na África

25.05.2025 6 min read

Com forte discurso anti-imperialista, nacionalista e pan-africanista, o presidente interino de Burkina Faso, Ibrahim Traoré, tem reivindicado a herança política de históricos líderes anticoloniais da África, como Thomas Sankara, da própria Burkina, e Patrice Lumumba, do Congo.

“Gostaria de expressar minha gratidão a todos os patriotas amantes da paz e da liberdade e pan-africanistas que se reuniram ao redor do mundo para apoiar nosso compromisso e nossa visão de um novo Burkina Faso e uma nova África, livre do imperialismo e do neocolonialismo”, afirmou Ibrahim Traoré após seu governo desmantelar outra tentativa de golpe de Estado, em abril deste ano.

Traoré assumiu como chefe de Estado após um golpe militar, em setembro de 2022, na esteira da onda de levantes militares do Sahel africano que tomou os governos no Mali, em 2020, e no Níger, em 2023. 

O jovem militar tem se destacado como símbolo dessa transformação no Sahel da África Ocidental, chamando a atenção do continente e do mundo, assim como atraindo a hostilidade de potências ocidentais, em especial dos Estados Unidos e da França.

O imperialismo é o conceito usado quando “um país central se vale de seu maior poderio econômico, político e militar para subordinar países periféricos de acordo com seus próprios interesses”, explicou o sociólogo Raphael Seabra, professor da Universidade de Brasília (UnB).

A expulsão das tropas francesas de Burkina Faso, a nacionalização de minas, a criação de bancos públicos, acordos com Rússia e China, medidas para se desvincular da moeda francesa, o franco CFA, projetos de industrialização e a proibição de exportação de alimentos foram algumas das ações tomadas pelo novo governo.

O país tem uma população de cerca de 23 milhões de habitantes, um pouco acima de Minas Gerais (MG), em um território com área semelhante à do Rio Grande do Sul (RS). A nação vive há cerca de 15 anos uma guerra civil contra grupos terroristas islâmicos, que vitimou dezenas de milhares de pessoas.  

Ibrahim Traoré estudou geologia na Universidade de Uagadugu, nome da capital do país. Entrou no exército e lutou contra esses grupos insurgentes no norte de Burkina.

Che Guevara africano

Segundo o jurista e analista geopolítico Hugo Albuquerque, além de contar com forte apoio popular dentro de Burkina, Traoré tem ampliado sua influência política para toda a região.

“Como Che Guevara era um símbolo para a América Latina inteira, ele é um símbolo para aquela região. Ele se assenta em uma legitimidade popular grande dentro do país porque tem feito reformas e distribuído a renda da exploração mineral. Os militares reconhecem nele uma liderança importante”, avalia.

O pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Sobre África, Ásia e Relações Sul-Sul (NIEAAS), o historiador Eden Pereira Lopes da Silva, avalia que Ibrahim resgata, não apenas em termos teóricos, mas também práticos, figuras históricas que promoveram o pan-africanismo, corrente política que prega a união da África contra o assédio estrangeiro.

“Eram figuras que tinham uma visão mais revolucionária e anti sistêmica para os seus países, mas também para o continente africano como um todo. Eles defendiam uma posição contrária ao sistema colonial e capitalista que explora os países africanos durante décadas e séculos”, diz o pesquisador. 

Para Silva, Ibrahim Traoré percebeu que o mundo está em transformação e concluiu que Burkina Faso não deveria manter a relação comercial subordinada aos interesses franceses.

“Ele se afirma como um governo de caráter nacionalista e se identifica em solidariedade com vários países que lutam pela sua soberania. E a população de Burkina Faso expõe isso em suas manifestações constantemente”, acrescentou.  

Para o especialista Hugo Albuquerque, Traoré herdou a cultura política socialista iniciada por Thomas Sankara, líder da fundação de Burkina Faso.

“Intelectuais que sobreviveram, mesmo depois da derrubada de Sankara, continuaram militando e se articulando, inclusive com participação nas Forças Armadas, que é a grande instituição nacional no fim das contas”, destacou.

História

Na década de 1980, cerca de 20 anos após a independência formal de Alto Volta, atual Burkina Faso, uma revolta eclodiu no país liderado por Sankara, que mudou o nome do país para Burkina Faso.

Em 1987, Sankara foi assassinado em uma emboscada. Depois disso, uma ditadura de mais de 30 anos se instalou no país com apoio das potências ocidentais. O ditador Blaise Compaoré governou o país até 2014, quando foi deposto por outro golpe militar.   

A manutenção da economia colonial, da moeda da França e de tropas francesas no país, além do crescimento populacional e da guerra contra o terrorismo, foram fatores que, para os especialistas, viabilizaram a ascensão de Traoré ao poder em 2022.

“Esses movimentos militares são uma resposta aos anseios de partes da população que se sentem excluídas do poder e que não possuem condições de manifestar isso por meio do processo político eleitoral”, comentou o historiador Eden Pereira Lopes da Silva.

Democracia

O governo de Burkina Faso, assim como os demais governos militares que assumiram após golpes de Estado no Mali e no Níger, são acusados de terem se tornado ditaduras. Para os especialistas, não é possível chamar os regimes anteriores de democracias liberais como conhecemos no Brasil.

O pesquisador Eden Pereira, que também é doutorando em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que Burkina passa, neste momento, pela construção de suas instituições políticas após uma ruptura institucional, não sendo possível ainda antecipar que tipo de regime deve prevalecer.

“Evidentemente que alguns países podem tender a um regime um pouco mais autoritário, e outros podem tender a reformas sociais e políticas profundas que os transformem em democracias de novo tipo. É o caso, por exemplo, pelo que observo, de Burkina Faso, mas isso ainda pode mudar no futuro”, avaliou.

O analista Hugo Albuquerque, por sua vez, destaca que os regimes depostos não eram democracias e cita a exclusão completa de parte da sociedade das decisões políticas.

“A ilusão principal é que havia uma democracia de massas e que os militares foram lá e derrubaram. Era um regime muito mais semelhante ao da República Velha aqui no Brasil. Disso para pior, mas um cenário de exploração colonial pior do que o que acontecia na Palestina antes do massacre de agora”, avaliou.

Terrorismo

O terrorismo, um dos graves problemas do Sahel africano, tem crescido em Burkina Faso desde que Traoré assumiu o poder, segundo cálculos do Centro Africano de Estados Estratégicos.

O instituto aponta que triplicou o número de mortos pelo terrorismo se comparado com os 18 meses antes do golpe de 2022.

“Essa violência, somada à disseminação geográfica de atividades extremistas que cercam Uagadugu, coloca Burkina Faso mais do que nunca à beira do colapso”, diz o estudo.

O analista Hugo Albuquerque avalia que o terrorismo islâmico no Sahel é financiado pelas petro-monarquias aliadas do ocidente no Oriente Médio para manter o controle sobre essa região. “São movimentos mercenários com dinheiro de fora e cumprem o papel de ocupação territorial do norte do país para possibilitar a extração de recursos naturais”, avaliou.

O pesquisador Silva alerta que os problemas sociais e a exclusão de grupos étnicos do jogo político estão entre as raízes do terrorismo na região do Sahel. 

“A guerra ao terror naquela região promoveu a destruição de vários estados. E essa destruição foi ocupada por um vazio social e econômico que proliferou uma série de problemas sociais”, comentou.

Em seu encontro com o presidente da Rússia, Vladmir Putin, no início de maio, Traoré argumentou que o terrorismo na região vem do imperialismo.

“Acreditamos que o terrorismo que estamos testemunhando hoje vem do imperialismo, e estamos lutando contra ele. Se acabarmos com esta guerra, se tivermos um exército forte, seremos capazes de nos engajar no desenvolvimento de nossa pátria”, afirmou.

Continue Reading

Previous: Rússia e Ucrânia finalizam maior troca de prisioneiros
Next: "Financiamento climático não é caridade", diz diretora da COP30
  • Recém-chegado
  • Popular
  • Militares russos confirmam morte do vice-chefe da Marinha
    • Mundo

    Militares russos confirmam morte do vice-chefe da Marinha

  • Ataques israelenses mataram pelo menos 82 palestinos na última noite
    • Mundo

    Ataques israelenses mataram pelo menos 82 palestinos na última noite

  • Grécia: moradores são retirados de áreas ameaçadas pelo fogo
    • Mundo

    Grécia: moradores são retirados de áreas ameaçadas pelo fogo

  • Israel rejeita retirar-se da Faixa de Gaza em caso de cessar-fogo
    • Mundo

    Israel rejeita retirar-se da Faixa de Gaza em caso de cessar-fogo

  • Brasil assume Mercosul com proposta de mais integração regional
    • Mundo

    Brasil assume Mercosul com proposta de mais integração regional

  • Centro de diagnósticos para câncer aumenta capacidade do SUS
    • Saúde

    Centro de diagnósticos para câncer aumenta capacidade do SUS

  • Plataformas devem promover ambiente seguro para jovens, diz instituto
    • Direitos Humanos

    Plataformas devem promover ambiente seguro para jovens, diz instituto

  • Comissão identifica dois desaparecidos sepultados na vala de Perus
    • Direitos Humanos

    Comissão identifica dois desaparecidos sepultados na vala de Perus

  • Casa da Mulher Brasileira terá duas novas unidades no estado do RJ
    • Direitos Humanos

    Casa da Mulher Brasileira terá duas novas unidades no estado do RJ

  • Caixa começa a pagar Bolsa Família de abril
    • Direitos Humanos

    Caixa começa a pagar Bolsa Família de abril

Você pode ter perdido

Militares russos confirmam morte do vice-chefe da Marinha 2 min read
  • Mundo

Militares russos confirmam morte do vice-chefe da Marinha

03.07.2025
Ataques israelenses mataram pelo menos 82 palestinos na última noite 1 min read
  • Mundo

Ataques israelenses mataram pelo menos 82 palestinos na última noite

03.07.2025
Grécia: moradores são retirados de áreas ameaçadas pelo fogo 2 min read
  • Mundo

Grécia: moradores são retirados de áreas ameaçadas pelo fogo

03.07.2025
Israel rejeita retirar-se da Faixa de Gaza em caso de cessar-fogo 2 min read
  • Mundo

Israel rejeita retirar-se da Faixa de Gaza em caso de cessar-fogo

03.07.2025

Disklayer

Todo o conteúdo deste site, incluindo textos, fotografias e gráficos, é protegido por direitos autorais. Nenhuma parte deste site pode ser reproduzida sem a permissão por escrito do detentor dos direitos autorais.

Categorias

Cultura Direitos Humanos Geral Mundo Opinião Política Saúde
Copyright © Todos os direitos reservados.