Conselho de Transição no Haiti está próximo de ser concluído; violência segue pelas ruas da capital
Diferentes grupos políticos do Haiti selecionaram integrantes do Conselho de Transição Presidencial que deve assumir provisoriamente o governo do país e convocar futuras eleições. A medida foi elogiada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
"O secretário-geral saúda os relatos de que todas as partes interessadas do Haiti indicaram representantes para o Conselho Presidencial de Transição", afirmou o porta-voz de Guterres, Farhan Haq.
Os sete membros do Conselho devem ajudar a mediar o diálogo entre as forças políticas do Haiti e nomear um premiê provisório. O atual primeiro-ministro, Ariel Henry, disse que deixa o cargo assim que o conselho estiver pronto para assumir.
O conselho é parte do plano de transição formulado na Jamaica pela Comunidade Intergovernamental do Caribe (Caricom), com representantes do governo e da oposição do Haiti. Para integrar o conselho, no entanto, um pré-requisito é concordar com a decisão do Conselho de Segurança da ONU que determina o envio de uma missão de paz – ou soldados estrangeiros para atuarem na segurança haitiana.
A medida é criticada por movimentos populares do Haiti que afirmam que o país – o mais pobre das Américas – já sofreu com outras ocupações militares estrangeiras e a solução para a crise atual deveria vir de dentro do próprio país. Uma série de propostas para isso foi reunida no Acordo de Montana, de 2021, resultado de debates entre a sociedade civil.
Paralelamente, a violência segue nas ruas da capital haitiana, Porto Príncipe, dominada em grande parte por grupos armados que exigiam a saída de Henry. Um dos principais líderes desses grupos, Ernst Julme, foi morto na quinta-feira (21) pela polícia do Haiti.
A crise atual se tornou aguda há algumas semanas quando uma ação coordenada libertou cerca de quatro mil integrantes de grupos armados que estavam presos. Eles assumiram então o controle da maior parte da capital, levando cerca de 17 mil pessoas a buscar refúgio em outras partes do país.