Candidatos reconhecem vitória de opositor de esquerda e Senegal deve ter presidente mais jovem de sua história
O candidato governista para as eleições do Senegal, Amadou Ba, reconheceu nesta segunda-feira (25), a vitória do opositor de esquerda Bassirou Diomaye Faye para a Presidência do país na votação de domingo (24). Faye lidera a contagem dos votos até o momento e já havia sido cumprimentado pelos demais opositores. O resultado oficial deve ser divulgado até sexta-feira (29) pela Comissão Eleitoral do país.
Segundo a Rádio França Internacional, o porta-voz do governo, Abdou Karim Fofana, informou que Amadou Ba telefonou para o opositor, reconhecendo sua vitória no primeiro turno. “Tendo em conta as tendências nos resultados das eleições presidenciais e enquanto aguardo a proclamação oficial, felicito o presidente Bassirou Diomaye Diakhar Faye pela sua vitória”, foi a mensagem transmitida ao vencedor do pleito.
O cumprimento do candidato governista, que entregou o cargo de primeiro-ministro do Senegal para concorrer à eleição, é simbólico. Após o reconhecimento da vitória de Faye pelos demais candidatos, Amadou Ba declarou no domingo que estava convicto em um segundo turno.
“Após a contagem de um terço das assembleias de voto, e atendendo às projeções dos resultados efetuados por nossa equipes de peritos, estamos certos, no pior dos casos, na realização de um segundo-turno”, disse no domingo, segundo a Agência Lusa.
Presidente mais jovem
Com 44 anos, caso tenha sua vitória confirmada esta semana, Bassirou Diomaye Faye, será o presidente mais jovem na história do Senegal. Candidato de esquerda e pan-africanista, Faye defendeu em sua campanha eleitoral o resgate da soberania nacional do Senegal por meio da renegociação dos contratos de mineração, gás e petróleo realizados com empresas estrangeiras e a retomada, ainda este ano, da produção nacional.
O candidato de esquerda esteve preso por 11 meses e ganhou a liberdade apenas dez dias antes das eleições e seu partido Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef) foi tornado ilegal no ano passado pelo regime do presidente Macky Sall.
Faye foi o nome indicado para as eleições por Ousmane Sonko, que também passou o último ano preso, após ser condenado por crime sexual, incitamento à insurreição e associação criminosa, acusado de um projeto terrorista e atentado à segurança do Estado.
Sonko e Faye foram libertados por meio de uma anistia concedida pelo governo de Macky Sall, que enfrentou uma grande mobilização popular após sua tentativa de transferir para dezembro as eleições que estavam previstas para 25 de fevereiro. O Conselho Eleitoral do Senegal determinou que Sall deve entregar o cargo no próximo dia 2 de abril.
*Com RFI e Agência Lusa