Ariel Henry anuncia que vai renunciar ao cargo de primeiro-ministro do Haiti
O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry disse nesta segunda-feira (11) que renunciará ao cargo de chefe do governo do país caribenho, devido à escalada de violência desencadeada por grupos armados na capital, Porto Príncipe, que exigem sua renúncia imediata.
"Meu governo acabará imediatamente após a inauguração do conselho. Seremos um governo interino até eles nomearem um premiê e um novo gabinete", afirmou Henry, dizendo ainda que "o Haiti precisa de paz".
Horas antes, o anúncio de sua saída e a criação do conselho haviam sido feitos pelo atual presidente da Caricom (Comunidade do Caribe) e da Guiana, Irfaan Ali, ao final da reunião da organização regional na cidade de Kingston, capital da Jamaica.
“Reconhecemos a saída do primeiro-ministro Ariel Henry após a criação de um conselho presidencial de transição e a nomeação de um primeiro-ministro interino”, declarou Ali. Henry não participou da reunião, pois está retido em Porto Rico devido ao aumento da violência no Haiti.
A renúncia do premiê surge depois de a Caricom ter se reunido na Jamaica para discutir uma transição política, e os Estados Unidos terem pedido, na semana passada, que esta fosse “acelerada” com a criação de um conselho presidencial.
“Temos o prazer de anunciar o compromisso com um acordo de governabilidade transitório que abre caminho para uma transição pacífica de poder, a continuidade da governabilidade e um plano de ação para a segurança a curto prazo e o caminho para eleições livres e justas”, disse Ali.
Ele disse que o conselho presidencial irá selecionar e nomear um primeiro-ministro interino e, juntos, elegerão um conselho "inclusivo" de ministros. Devem ficar de fora, no entanto, pessoas acusadas ou condenadas, que estejam sob sanções da ONU, ou que se oponham à resolução 2.699 da ONU. As regras devem excluir vários dos líderes de gangues que operam em Porto Príncipe.
A resolução 2.699, aprovada em 2023, cria a Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti, medida criticada por entidades que atuam no país e se opõe à presença de tropas estrangeiras em território haitiano. Elas criticam também o fato de que a decisão foi tomada sem diálogo com as partes interessadas, dentro do Haiti e que teriam a soberania do país violada.
A crise no Haiti se acirrou em fevereiro, quando Henry se negou a convocar eleições, como havia se comprometido após a morte do ex-presidente Jovenal Moïse. Grupos armados realizaram uma série de ataques contra prédios públicos e instituições, incluindo prisões, libertando quase quatro mil detentos. Estes grupos passaram então a dominar a maior parte da capital, exigindo a saída de Henry.