El Niño agrava período de seca no Nordeste, e agricultores buscam alternativas para manter produção
O aumento das chuvas no Sul do país e a diminuição no Nordeste são reflexos do El Niño, que está redefinindo os padrões climáticos brasileiros. O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, próximo à costa oeste do Peru e países vizinhos. Esse evento natural, que ocorre em intervalos irregulares de dois a sete anos, tem impactos significativos, especialmente no semiárido nordestino.
Segundo Antônio Carlos, agricultor que reside na Bahia, a situação está piorando. “A gente até ouve na televisão, mas quando a gente tá do outro lado vivenciando esse dia a dia, passando por essas consequência no campo, na sua propriedade, na sua comunidade, é mais grave a coisa. Não tem sido fácil. A cada ano percebemos que é como tivesse realmente piorando”, afirmou.
De acordo com dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia, mais de 100 municípios no estado estão em situação de emergência devido à prolongada estiagem causada pelo El Niño. Em Pernambuco são 75 municípios, enquanto no Piauí chegam a 87. Ao todo, no Nordeste, a lista passa dos 300 municípios.
Paulo Carvalho, coordenador da ONG Caatinga e membro da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), destaca a importância do reconhecimento da situação crítica para que o governo possa agir rapidamente. Ele ressalta que o decreto de emergência permite mais flexibilidade no uso dos recursos públicos, facilitando a assistência às famílias afetadas.
“De fato essa é uma estratégia criada pelas políticas públicas que é quando decreta estado de emergência, então é o governo tem como agir mais rapidamente, retirado algumas regras de uso do recursos públicos, flexibilizado remanejamento de recursos destinado a socorrer as famílias com a água, com alimento, com ração para os animais, ajudando na sobrevivência das famílias”, disse.
No combate às consequências do fenômeno no semiárido, a ASA tem auxiliado as famílias na construção e implementação de tecnologias sociais que amenizam os efeitos do El Niño.
O agricultor Antônio Carlos utiliza estas tecnologias. “Aqui na propriedade tenho a tecnologia de cisterna para consumo. É a água da chuva que é captada no telhado, vai para cisterna e a gente utiliza dessa água para o consumo humano e para a preparação dos alimentos. As outras técnicas de convivência, essa de plantio com cobertura a gente faz na propriedade justamente para que ainda que a planta não produza, nesse período de estiagem, ela não morra”, afirmou.
Fonte: BdF Pernambuco