Brasil volta à Assembleia ambiental da ONU após Bolsonaro rejeitar desmatamento zero
A Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-6), órgão mais representativo do mundo para tomada de decisões ambientais, reúne-se pela sexta vez entre esta segunda-feira (26) e 1º de março em Nairobi, capital do Quênia.
Na última e quinta edição da UNEA, em 2022, o então governo de Jair Bolsonaro (PL) rejeitou uma resolução que envolvia a diminuição das emissões de CO2 provocadas pelo desmatamento associado à agropecuária na Amazônia.
Na UNEA-4, a União Europeia propôs que todos os países se comprometessem com o desmatamento zero. O Brasil discordou e sugeriu a expressão "desmatamento ilegal zero". Não houve consenso, e a proposta terminou engavetada.
"O Brasil não concorda com o tom alarmante às vezes usado para criticar a produção agrícola dos países em desenvolvimento", disse, na época, o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Agora com Lula (PT), o Brasil retomou o protagonismo ambiental no mundo, invertendo a tendência de alta no desmatamento na Amazônia e cobrando os países ricos pelo cumprimento das promessas de financiamento climático.
Em meio ao aumento de eventos climáticos extremos pelo mundo, o encontro dos representantes de 193 Estados-membros da ONU reúne neste ano líderes mundiais, cientistas, além de representantes da sociedade civil e de empresas.
Assembleia ambiental da ONU tem Brasil de vice-presidência
A Assembleia de Meio Ambiente deste ano tem um papel mais importante do que nunca, segundo avaliou a diretora do Escritório de Assuntos de Governança do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Radhika Ochalik.
"A tripla crise planetária está impulsionando a pobreza e a desigualdade, minando o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e ameaçando nosso futuro como espécie. A UNEA tem a autoridade única para enfrentar esses desafios", disse a porta-voz do evento.
A UNEA funciona como uma espécie de parlamento mundial da área ambiental. Atualmente tem Marrocos na presidência e Brasil e Portugal na vice-presidência. Reunida a cada dois anos, desempenha um papel fundamental na formulação da política ambiental mundial.
Neste ano, o tema do encontro será "Ações multilaterais eficazes, inclusivas e sustentáveis para enfrentar as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição". As Nações Unidas apostam nos acordos entre países para fortalecer a proteção dos biomas.