Série de vídeo-cartas retrata sentimentos de atingidas pelo crime da Vale, em Brumadinho
“Eu ainda tinha esperança de você chegar. Você assobiando pra mim, me chamando de mãe, gritando galo”, diz Malvina Firmino, em uma vídeo-carta direcionada ao filho, Peterson Firmino Nunes, uma das 272 vítimas do crime da Vale, em Brumadinho.
O relato faz parte de uma série, elaborada pela Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), que marca os cinco anos desde o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão. Três vídeo-cartas integram o projeto, lançado neste ano, e que traz os sentimentos dos atingidos a partir da metodologia chamada de “escrita pela ausência”.
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As produções audiovisuais compartilham com a sociedade o que, segundo a Aedas, está “circunscrito na memória das pessoas atingidas”. As histórias foram escritas e narradas pelas próprias pessoas atingidas.
Sentimento difícil de traduzir
Além de Malvina Firmino, a série também apresenta a vida de Maria Matuzinha, representante da Comunidade Quilombola Rodrigues, em Brumadinho. Ela dedica sua escrita à terra, que diz ser um elemento de conexão com sua infância e ancestralidade.
“Em troca do cuidado com o solo, você me dava milho, feijão, couve, alface, cebolinha. Fizemos um acordo: eu não te banharia por nada químico em troca de cultivos saudáveis”, escreve.
Já a pescadora Maura Aparecida dedica sua vídeo-carta ao Rio Paraopeba, que, para ela, é um meio de cura, alimento e lazer. Segundo ela, no rio era onde costumava passar seus dias, mas essa rotina foi suprimida pelo rompimento.
“Infelizmente, depois de tudo que aconteceu, depois de o rio ter a vida poluída, eu desanimei. Os peixes sumiram”, lamenta a pescadora.
Fonte: BdF Minas Gerais