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Palestinas no Brasil usam redes contra genocídio e estereótipos

28.06.2025 6 min read

As tecnologias digitais têm sido uma arma poderosa nas mãos de mulheres palestinas e suas descendentes vivendo no Brasil, discute a tese de doutorado que venceu o Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela em 2025, promovido pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós).

Por meio da internet, mulheres comuns, como dentistas, comerciantes, psicólogas e estudantes, desafiam o controle e a censura das plataformas para enfrentar o estereótipo de submissas e a xenofobia, despertando empatia para conquistar apoio ao fim da crise humanitária na Palestina. Desde 2023, ataques israelenses à Faixa de Gaza, parte ocidental do território palestino, deixaram 56 mil pessoas mortas, situação classificada como genocídio por órgãos das Nações Unidas (ONU), de direitos humanos e por países como o Brasil. 

A constatação do uso das tecnologias por essas mulheres como forma de resistência foi feita pela pesquisadora Simone Munir Dahleh ─ também uma descendente de palestinos no Brasil ─, na tese de doutorado A trama tecida por mulheres palestinas: relatos biográficos dos usos táticos de tecnologias digitais, desenvolvida pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 

Longe do conflito, em que mulheres e crianças são as principais vítimas, Hanan, de 44 anos, é uma dessas mulheres encontradas por Simone. Empresária descendente de palestinos, ela publica, em suas redes, vídeos traduzidos para o português. As imagens mostram crianças correndo risco de morte ou em privação de diretos, notícias, cenas de arquivo, informações sobre o conflito e sobre a ocupação por Israel, embora sua intenção prioritária seja divulgar os valores do islamismo, que é sua religião.

“(…) Eu não gosto de ficar jogando esse foco específico na minha página. (…) Porque as imagens e o conteúdo são muito fortes, mas eu não posso deixar de postar, porque é uma causa que tem que ser postada”, afirmou Hanan, em entrevista à Simone.

A Faixa de Gaza é um território palestino que tem sido alvo de intensos bombardeios e ataques por terra do Exército de Israel desde um atentado do grupo islâmico Hamas a vilas israelenses, em outubro de 2023, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e fez 220 reféns. O Hamas, que governa Gaza, sustenta que o ataque foi uma resposta ao cerco de mais de 17 anos imposto ao enclave e também à ocupação dos territórios palestinos por Israel.

Os ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, desde então, já fizeram mais de 56 mil vítimas e deixaram mais de 100 mil feridos, além de destruírem hospitais, escolas e todo tipo de infraestrutura que presta serviços à população. Um bloqueio às fronteiras do território também dificulta a entrada de alimentos e medicamentos, agravando a crise humanitária. Segundo Israel, o objetivo é resgatar os reféns que ainda estão com o Hamas e eliminar o grupo completamente.

 

Censura nas redes

O medo de ser censurada ou ter o perfil bloqueado por publicar conteúdos pró-Palestina está entre essas mulheres. Algumas relatam também o receio de serem monitoradas ou impedidas de ingressar na Palestina, tanto por meio do aeroporto de Tel Aviv, em Israel, quanto em passagens por outros países, como os Estados Unidos. Há o medo também de serem taxadas como antissemitas, que é o preconceito contra judeus. 

“Como palestina e refugiada, tentamos, de todas as formas, por todos os meios de comunicação, levar a verdadeira história, mas está sendo difícil, realmente, porque a gente está sendo bloqueada [nas plataformas digitais]. O alcance, o engajamento, por exemplo, se antes era de 300 pessoas, agora não chega a 20”, desabafa Maysar, dentista, imigrante e produtora de conteúdo. “Isso tem sempre na história do lado do mais fraco, não é? E a gente está nessa luta firme e forte”, disse ela, sobre os vieses na divulgação de informação. 

Maysar chegou ao Brasil quando era criança e, hoje, tem 62 anos. Ela se tornou atuante na causa palestina e migratória e vê a internet como uma forma decisiva de expor as vozes das mulheres palestinas e defender a restituição de direitos aos conterrâneos.

De acordo com Simone, pesquisadora de Comunicação, as vozes dos palestinos são silenciadas nas mídias tradicionais, situação agravada por coberturas midiáticas que ela considera estereotipadas. Portanto, para as mulheres palestinas ou descendentes vivendo no Brasil, “se posicionar, mostrar a realidade do conflito é uma necessidade”, diz Simone, e se torna uma “ação tática”. As entrevistadas, explica, usam várias vezes a expressão “colocar a cara a tapa”, que é quando elas se expressam, produzindo conteúdo e, assim, apresentando sua visão de mundo.

Laços com a Palestina

Por meio da tecnologia digital, a pesquisadora identificou também o esforço das entrevistadas para manter os laços com a família palestina, falar com parentes, escutar rádios locais, músicas e orações em árabe. Além disso, elas buscam publicar, nos seus perfis, referências pessoais, objetos trazidos da região, imagens das cidades antes dos bombardeios, de comidas típicas e de familiares que ficaram lá.

Sabah*, por exemplo, uma imigrante de 43 anos, repete a publicação do vídeo da sobrinha, uma menina, vestindo trajes locais e cantando. “Esse momento incrível [é] da minha sobrinha linda, usando um vestido palestino, explicando para os colegas dela a receita de um prato típico palestino. Eu amo esse vídeo”, disse a comerciante, nas redes. “Eu assisto quase todos os dias”, declarou, ao compartilhar. 

Como forma de subverter o estereótipo de mulheres submissas, as entrevistadas também guardam memória de mulheres palestinas que fizeram história. Elas citam a influência da repórter Shireen Abu Akleh, jornalista do canal árabe Al Jazeera, assassinada em 2022, por soldados israelenses, enquanto fazia uma cobertura ao vivo. A repórter era uma estrela nacional e sua morte causou comoção. No momento em que foi atingida, Shireen vestia capacete e colete à prova de balas com a identificação “imprensa”. Israel confirmou que a jornalista foi atingida “acidentalmente”.

Outras palestinas mencionadas no estudo de Simone são Hanan Ashrawi, intelectual palestina e líder política, Hyatt Omar, uma jovem ativista palestina-brasileira atuante nas redes sociais, e a guierrilheira Leila Khaled.

Com um trabalho repleto de imagens da Palestina e de memórias, como a colheita de azeitonas, dos tradicionais muros brancos das casas de Rafah, de pratos como o Maftoul, uma comida palestina à base cuscuz, Simone afirma que sua intenção era ir além da defesa do reconhecimento da Palestina como um Estado. “Mostrar a riqueza deste povo, ouvir e difundir o relato de mulheres descendentes e imigrantes palestinas é um modo de desmistificar a imagem que se têm deste grupo, como atrasadas, oprimidas e que não trabalham”, diz logo na introdução da tese. 

“O colonialismo e a desapropriação das terras palestinas ressaltam a necessidade de as interlocutoras reafirmarem uma identidade nacional palestina, mesmo sendo descendentes”, disse a pesquisadora, que voltou ao Brasil deportada de Israel com a mãe brasileira e o irmão pequeno, aos 9 anos, em 2005. 

“Pelas brechas, essas mulheres buscam desmistificar o papel de submissão atribuído às palestinas, minar as representações que associam o terrorismo aos palestinos e discutir a ocupação”, concluiu.

De acordo com a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), em 2020, o Brasil tinha cerca de 200 mil brasileiros-palestinos. O Rio Grande do Sul concentra boa parte essa população.

*Nome fictício usado para preservar a identidade da entrevistada.

 

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