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História afro nas escolas ajuda a reduzir preconceitos, dizem mestres

16.09.2025 5 min read

Mestres da cultura popular defendem o ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas como forma de combater a intolerância e o racismo. No Brasil, esse ensino está previsto na Lei 10.639/03 e deve ocorrer em todas as escolas públicas e particulares. A lei, no entanto, não é cumprida em muitas instituições. 

“Tem escola que finge que faz, tem escola que nem finge. Tem algumas que colocam uma estante com alguns livrinhos. Para que? Se alguém pergunta, respondem ‘Nós temos, olha nossa biblioteca, mas é fingimento”, diz a Rainha de Congo das Guardas de Congo e Moçambique Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, Isabel Casimira, que é também dirigente da Federação dos Congados de Minas Gerais.

Isabel Casimira é codiretora do filme A Rainha Nzinga Chegou (2019), premiado em festivais nacionais e internacionais, exibido no 14ª Festival Artes Vertentes, em Tiradentes.

Nesta edição do festival, ela participou também de debate ao lado de Claudinei Matias do Nascimento, conhecido como Mestre-Capitão Prego do Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia.  

Ambos defenderam a educação como forma de os brasileiros conhecerem a própria história, e de a história do povo negro e todas as suas contribuições nas mais diversas áreas de conhecimento não serem apagadas.

A Rainha de Congo conta que realiza conversas e palestras em escolas para ajudar na formação de professores para este ensino. Ela diz que muitas vezes os próprios professores não dominam o assunto. Ela dá, então, orientações que por vezes são simples, mas fazem diferença.

“Quando a professora vai falar, por exemplo, de candomblé e diz que povo de candomblé veste vermelho. Qual o povo? Quantos povos têm? A pobre da mulher nem sabe que existem várias etnias que podem ser chamadas de candomblé. Se ela não sabe, ela não pode falar do povo de candomblé. Ela tem que pôr junto [o termo] ‘alguns’, porque quando ela insere ‘alguns’, ela abre para mais: ‘Alguns povos de candomblé vestem vermelho’. As professoras ficam felizes quando entendem que com uma palavra ela pode falar sem criar bobagem na cabeça dos alunos”, diz.

Já Mestre Prego diz que é procurado por diversas escolas de fora de Minas Gerais, mas que não é valorizado no próprio município.

“A gente recebe aqui várias escolas do Rio de Janeiro e eu dou a oficina de toque de tambor, ensino os nossos cantos de Congo e Moçambique e também dou oficina de balão de pintura no atelier. O interessante é falar sobre a nossa cultura. A gente recebe essas escolas todas, mas nas escolas do município ninguém tem interesse de falar sobre a cultura dos nossos povos negros e tampouco dos indígenas”, diz.
 

Intolerância

O desconhecimento gera preconceitos. O congado e a igreja católica compartilham a devoção à Nossa Senhora do Rosário. Mestre Prego conta que o grupo costumava ter acesso à igreja, em Tiradentes, mas que isso mudou. Foram proibidos de entrar enquanto tivessem no nome e na bandeira que os identifica a Escrava Anastácia.

“Hoje, para a gente, é uma data importante. A gente está recebendo uma rainha, a nossa Rainha Conga do Estado de Minas Gerais. Então hoje, para nós, era um dia que nós teríamos que entrar na igreja, a igreja que foi feita pelos nossos irmãos, para a gente louvar”, lamenta o mestre.

Ele ressalta que na região viveram 22 mil pessoas escravizadas e que foram elas as responsáveis pela pavimentação das ruas, feitas de pedras colocadas à mão; pela construção das igrejas, dos casarões, história que também é silenciada e não faz parte das rotas turísticas tradicionais. 

Isabel Casimira complementa que o ensino nas escolas ajudaria as pessoas a conhecerem e respeitarem crenças e religiões, mesmo que diferentes da que praticam.

“[Seria bom] se dentro de cada escola tivesse uma pessoa que fosse que não falasse de religião, mas de educação. De educar as pessoas para que elas entendam a história do outro. A pessoa pode ser evangélica, budista, umbandista, católica. Independentemente do que ela seja, se ela for educada para respeitar o sagrado alheio, ela é uma boa pessoa”, defende.

E acrescenta: “Assim como alguém chama Deus de Jeová, de Allah, de Maomé, de Buda, seja que denominação for, o nosso jeito de falar com Deus é chamar ele de Zambi. Ele é nosso pai, ele é nosso pai Zambi. Não tem nada demais eu falar diferente coisas iguais”.

Patrimônio Cultural

Em 2025, após 17 anos de espera, o congado tornou-se Patrimônio Cultural do Brasil, registrado como Saberes do Rosário: Reinados, Congados e Congadas no Livro dos Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Essas tradições são diversas, incluem, por exemplo, massambiques (moçambiques), congos (congados, conguistas, congueiros), catopês (catupés, catopés), marujos, caboclos (caboclinhos, penachos, cabocladas), tamborzeiros, pifeiros, entre outros grupos rituais, e reinados (côrtes ou tronos coroados) descritos e registrados por pesquisadores, em diferentes contextos e regiões do Brasil, especialmente nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

As tradições contam com mais de 300 anos de história e têm como identidade fundamental a ancestralidade de matriz africana com canto, ritmo e dança.

Festival Artes Vertentes

A 14ª edição do Festival Artes Vertentes tem como tema Entre as margens do Atlântico, propondo um diálogo entre três continentes intimamente ligados pela história: América, África e Europa.

A programação de 2025 também faz parte da Temporada França-Brasil, que ocorre até o final do ano em 15 cidades brasileiras e tem como objetivo aproximar, por meio da cultura, os dois países.

O festival segue até dia 21 na cidade de Tiradentes, com mostras de cinema que discutem memória, ancestralidade e resistência também nas cidades de São João del Rei e Bichinho. Mais detalhes no site www.artesvertentes.com/.

*A equipe de reportagem viajou a convite do Festival Artes e Vertentes

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