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Cineastas negras reivindicam mais ações afirmativas para audiovisual

06.09.2025 4 min read

A Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) promoveu nesta semana uma audiência no Congresso Nacional para debater o futuro das políticas afirmativas no setor do cinema. O encontro, convocado pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, contou com a presença de parlamentares, lideranças do audiovisual e representantes da sociedade civil.

“As discussões em Brasília ocorrem em um cenário que a Apan considera um “ponto de inflexão” para o audiovisual brasileiro: de um lado, há conquistas recentes em políticas públicas; e, de outro, o desafio de consolidar a reparação histórica e o fortalecimento de uma indústria que reflita, de fato, a pluralidade e a potência da população negra, maioria no país’’, reflete a presidente da Apan, Tatiana Carvalho Costa.

Para a presidenta da associação, o momento é estratégico para a construção de um debate público capaz de sensibilizar diferentes setores da política nacional.

“Essa audiência pública foi super importante, sobretudo, neste momento em que se discute a reparação histórica. Ela pode ajudar em uma sensibilização do Parlamento, do poder público, nos estados e municípios, e da população em geral, para uma consciência maior sobre a importância da manutenção e ampliação das ações afirmativas no audiovisual, pensando também as empresas de pessoas negras e indígenas”.

Uma pesquisa publicada pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), em 2016, apontava que 2% dos diretores de filmes lançados comercialmente eram negros. Entre roteiristas, o índice era de apenas 4%.

Em 2019, um levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa/Uerj) revelou que, entre 142 longas-metragens brasileiros lançados, apenas um tinha sido dirigido por uma mulher negra até aquele ano. Entre 1908 e 2015, dos mais de 2,5 mil filmes brasileiros produzidos, menos de 1% tiveram protagonismo negro.

“Isso significa que, em mais de um século de cinema, a história da população negra foi apagada ou estigmatizada’’, reitera Márcia Cândido, do Gemaa.

“As políticas afirmativas são fundamentais para promover uma participação mais diversa na produção audiovisual nacional. Elas garantem não só maior inclusão de grupos sociais como construtores de representação, como também impactam nas próprias representações criadas, com perspectivas sociais variadas que passam a chegar ao público”, complementa Cândido.

Natália Carneiro representou o o Geledés/Instituto Mulher Negra na audiência e ponderou que o cinema não é apenas uma indústria cultural.

“É um espelho e, mais do que isso, é uma máquina de fabricar imaginários. Ele define quem pode ser herói, quem pode ser protagonista, quem é sempre figurante. Ele ensina gerações inteiras a imaginar a si mesmas — ou a não se ver em lugar nenhum. E o que vemos hoje? Vemos que, historicamente, a população negra foi sistematicamente excluída do cinema brasileiro’’

Durante sua explanação, Carneiro também citou o conceito de epistemicídio, uma destruição e apagamento de conhecimentos, saberes e culturas de povos não assimilados pela cultura ocidental. Segundo ela, isso se manifesta no cinema pela ausência de protagonistas, na redução de pessoas negras a estereótipos e na recusa em permitir que elas narrem suas próprias histórias.

“Não é apenas uma exclusão simbólica. É uma forma de negar humanidade’’.

Carneiro cita um levantamento ainda inédito do Geledés, que avalia a distribuição de recursos em quase três décadas de indústria cinematográfica.

“Identificamos que, em 2022, por exemplo, os homens brancos obtiveram cerca de 30 vezes mais investimentos públicos em seus filmes do que as mulheres negras”, complementa Natália Carneiro.

Participante da mesa de discussão na Câmara, a pesquisadora, cineasta e produtora Viviane Ferreira apresentou o estudo “Empresas audiovisuais vocacionadas para reparação histórica”.

“As empresas que atuam na reparação são aquelas atuantes no setor audiovisual que apresentem, em seu corpo societário, 50% ou mais de pessoas negras e ou indígenas com poder decisório sobre 50% ou mais das quotas societárias’’, definiu a cineasta.

Viviane Ferreira foi a segunda mulher negra no Brasil a dirigir individualmente um longa-metragem de ficção, sendo precedida por Adélia Sampaio, com Amor Maldito, em 1984.  Seu longa, Um Dia Com Jerusa (2020) aborda temas como a solidão e a ancestralidade da mulher negra, por meio do encontro de personagens de diferentes gerações.

Além de dados, o estudo da pesquisadora apresenta as questões que envolvem a produção cinematográfica e o que seria o “cinema negro”, que ela define como “conjunto de movimentos cinematográficos, estético-políticos, integrados por corpos-negros territórios, munidos de poder de invenção e orientados pela liberdade poética para articular estéticas e subjetividades capazes de fortalecer trilhas e caminhos que conduzam corpos-negros à utopia do “bem viver” no imaginário coletivo social’’.

“Não adianta só fazer filmes. Precisamos também formar os nossos. Não adianta só fazer filmes, temos que ter uma empresa para fazer filmes. Não adianta só fazer filmes, tem que aprender a captar recursos. Então, sem fortalecimento de nossas empresas, não estamos em um lugar de tranquilidade fazendo filmes”.

 

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