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Temporada da França no Brasil quer romper clichês e fortalecer relação

01.07.2025 9 min read

Exposições, óperas, danças, artes visuais, oficinas, fóruns, feiras literárias e residências artísticas fazem parte da programação do Ano Cultural França-Brasil. No primeiro semestre, brasileiros ocuparam os palcos e galerias francesas. Agora, no segundo semestre, é a vez da programação francesa chegar às cidades brasileiras.

Entre os dias 17 e 24 de maio, a Agência Brasil esteve em Paris, a convite do Instituto Francês, vinculado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da França, para ter acesso a uma prévia da programação que será trazida ao Brasil. A reportagem conversou com a comissária-geral da Temporada França-Brasil, Anne Louyot, que é a responsável pela organização do Ano Cultural pelo lado francês. A parte brasileira na França coube ao Instituto Guimarães Rosa, vinculado ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

A temporada Brasil-França 2025 foi acordada em 2023, pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron. Antes disso, em 2005, também sob o governo Lula, ocorreu o Ano do Brasil na França e, em 2009, da França no Brasil. Foram definidos como temas prioritários da temporada 2025 a diversidade de sociedades e diálogo com África; democracia e Estado de direito; e clima e transição ecológica.

“Temos ainda clichês muito fortes. Clichês sobre a cultura brasileira na França, como o futebol e o carnaval, que são elementos culturais fortes. Mas o Brasil é muito, muito, muito mais que isso”, enfatizou Louyot. “E, a mesma coisa: o Brasil tem clichês sobre a cultura francesa, um país de patrimônio, de moda, de gastronomia. O que é. Mas não só isso. Acho que é importante renovar a relação franco-brasileira quebrando um pouco esses clichês”. 

A programação, que ocorre de agosto a dezembro, será distribuída entre 15 cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Campinas, São Luís, Teresina, João Pessoa e Macapá.

>> Confira os destaques da programação da Temporada da França no Brasil

“Para mim, é um manifesto de amizade. Eu acho que os franceses têm uma empatia muito grande e uma simpatia natural em relação ao Brasil. Eu queria que essa temporada fosse realmente um manifesto de renovação da nossa amizade, que o Brasil possa descobrir outras caras da França, e que isso possa gerar novas curiosidades, novos projetos, novas obras. E que seja um recado também para nossas juventudes continuarem a trabalhar juntas para um mundo melhor”, diz a comissária geral da temporada.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista

Agência Brasil: O que é a Temporada França-Brasil e qual é a importância dela para França?

Anne Louyot: O programa das temporadas na França nasceu há 40 anos para fortalecer a relação entre a França e os outros países. O objetivo pode ser muito diferente, pode ser uma comemoração, por exemplo, ou simplesmente uma decisão política de fortalecer uma relação com um país que é um parceiro privilegiado da França.

No caso da Temporada França-Brasil 2025, o objetivo era realmente fortalecer a relação bilateral. Primeiro, comemorar os 200 anos da relação bilateral França-Brasil, e também fortalecer a relação bilateral que foi um pouco reduzida durante o mandato anterior ao mandato do presidente Lula.

E, segundo, alimentar nosso diálogo franco-brasileiro em torno dos desafios globais, como a questão climática e ambiental, a questão da democracia e do Estado de direito, a questão da diversidade das culturas e das populações e da relação com África.

Agência Brasil: A temporada está dentro da chamada diplomacia cultural. O que é exatamente essa diplomacia?

Anne Louyot: Isso é uma questão muito importante e muito querida para mim, porque sou diplomata e me especializei em diplomacia cultural, porque eu acho que, ao contrário da diplomacia clássica, a diplomacia cultural trabalha as relações entre as sociedades civis. Então, é uma diplomacia mais duradoura, que não depende justamente das cores políticas, mas que realmente trabalha as pessoas, as nações. Então, qual é a diplomacia cultural da França? É uma diplomacia que desenvolve cooperações entre os agentes das sociedades civis, podem ser as instituições culturais, as associações, as universidades, as ONGs, podem ser muito variados.

Agência Brasil: Queria que você contasse um pouco de como foi elaborada a programação. O que foi priorizado na escolha das atividades?

Anne Louyot: Eu trabalhei a partir das prioridades que foram decididas pelos presidentes Macron e Lula: meio ambiente, diversidade cultural e relação com África e democracia. Primeiro, eu viajei, fui encontrar as instituições francesas que, para mim, tinham interesse em trabalhar com instituições ou organizações brasileiras. Eu também coloquei um enfoque nos territórios que chamamos de Ultramar, os que ficam nas Américas, como a Guiana [Francesa], que tem essa fronteira muito importante com o Brasil, e também Guadalupe e Martinica, que têm essas semelhanças históricas com o Brasil, em particular porque receberam comunidades negras muito importantes e uma grande parte da população é de descendentes de pessoas escravizadas, como é o caso no Brasil.

Na segunda fase, fui ao Brasil para fazer o mesmo trabalho, para entender o que interessava também às instituições, às organizações da sociedade civil brasileira, porque o meu objetivo é que os projetos da temporada sejam projetos de cooperação entre a França e o Brasil, que possam também durar além da temporada França-Brasil.

Em uma terceira fase, o Instituto Francês lançou uma convocatória. Recebemos muitos projetos, analisamos e fizemos finalmente uma seleção de mais de 230 projetos que respeitavam esses três eixos e que também, para mim, tinham essa capacidade de promover e de fortalecer essa cooperação franco-brasileira.

Temos ainda clichês muito fortes. Clichês sobre a cultura brasileira na França, como o futebol, carnaval, que são elementos culturais fortes. Mas o Brasil é muito, muito, muito mais que isso. E a mesma coisa: eu acho que o Brasil tem clichês sobre a cultura francesa, um país de patrimônio, de moda, de gastronomia. O que é. Mas não só isso. Por exemplo, a França tem uma relação muito forte também com África. Tem muito das culturas africanas. Isso acho que o Brasil não sabe. E eu acho que é importante renovar a relação franco-brasileira quebrando um pouco esses clichês.

Agência Brasil: Queria que você falasse um pouco dessa relação com a África. O que se espera dessa Temporada em relação a isso e qual o papel do Brasil?

Anne Louyot: A França tem uma relação muito densa com vários países africanos, e em particular com os países francófonos. A França tem uma cooperação, há anos, com as sociedades civis africanas, mas tem um peso de ser o país ex-colonizador.

O Brasil tem uma relação forte com a África, por duas razões: primeiro, porque uma grande parte da população veio de África, e o Brasil mantém alguns rasgos muito importantes das culturas, das religiões e das espiritualidades africanas. A segunda razão é que o Brasil desenvolveu uma diplomacia africana, especialmente com o presidente Lula. E, essa diplomacia, Sul-Sul, é muito importante, é um elemento de renovação das relações internacionais.

Acho que podemos pensar em um triângulo renovado da relação entre a Europa, América Latina e África. 

Agência Brasil: O que a França tem feito culturalmente para repensar e deslocar esse centro da Europa e dar protagonismo aos povos africanos e descendentes de África?

Anne Louyot: Tem um movimento antigo de promoção das culturas africana no exterior. Por exemplo, a França apoiou o Festival Pan-Africano de Cinema e Televisão de Ouagadougou (Fespaco), em Burkina Faso, e também apoiou a Bienal da Dança de Bamako [capital do Mali].

Mais recentemente, houve um trabalho para uma renovação do nosso olhar sobre as culturas africanas, para desenvolver um olhar mais pós-colonial. Primeiro houve, em 2020 e 2021, uma grande temporada das culturas africanas na França, África 2020. Isso foi uma iniciativa muito disruptiva.

No Museu d’Orsay, há alguns anos, houve uma exposição sobre o modelo negro, para mostrar que, na verdade, os negros sempre estiveram muito presentes na arte ocidental, mas sempre à margem [A exposição O corpo negro, de Géricault a Matisse, em 2019)]. Foi uma exposição muito importante para mudar também o público, porque o público negro aumentou muito. 

Agora, está em cartaz, no Centro Pompidou, o Paris Noir, Paris Negro, com todos os artistas negros da Escola de Paris que atuaram na França e que não foram reconhecidos o suficiente. Uma última iniciativa foi a criação da Mansá, a Maison de Mondes Africains [a Casa dos Mundos Africanos], que tem como objetivo dar visibilidade às comunidades negras da França e para mostrar como elas alimentam as culturas francesas e como elas se conectam com as criatividades africanas contemporâneas.

Agência Brasil: No eixo Democracia, qual é o papel das artes? O que a gente pode discutir a partir dessa temporada, tendo em vista toda a ascensão de extrema direita em diversos países?

Anne Louyot: O programa inclui cultura, inclui arte, mas também o debate de ideias. Então, no âmbito da temporada no Brasil, vai ter uma sequência importante de debates e discussões. O primeiro evento da temporada vai ser o Fórum Juventude e Democracia, que organiza o encontro entre 40 jovens brasileiros e 40 jovens franceses, jovens comprometidos em projetos da sociedade civil para fortalecer a democracia a partir da sociedade civil e não a partir das instituições políticas.

Eles vão trocar ideias sobre as possibilidades de cooperação entre a sociedade civil francesa e a brasileira, para defender, proteger e renovar a democracia, porque vemos que o modelo democrático, que na verdade nasceu no século 18, está atravessando uma crise profunda. Então, precisamos da juventude do Norte e do Sul para pensar novos modelos.

A partir das artes, também se pode pensar a democracia. Temos projetos de residências cruzadas para acolher no Brasil jovens que vêm de diferentes regiões da França. Jovens artistas que não teriam essa possibilidade de conhecer o Brasil, e o contrário também. Tem projetos também como, por exemplo, a Flup [Festa Literária das Periferias], no Rio de Janeiro, que vai acolher uma grande delegação de escritores, pensadores e também artistas que vêm das periferias francesas e da Guiana, Martinica e Guadalupe.

Agência Brasil: Ao longo desses dias, vimos muitas obras que buscam estabelecer pontes e diálogos. Nas suas pesquisas e curadoria isso foi priorizado? Para onde as artes contemporâneas têm mirado.

Anne Louyot: Houve um momento em que me parece que a arte contemporânea se encerrou um pouco em si mesma, o mundo de críticos, de curadores, de artistas reconhecidos, um mundo fechado para o público que não podia nem entender, nem ter acesso. Eu acho que agora vemos artistas que quebraram as paredes desse mundo fechado para retomar uma reflexão sobre a relação com o público.

Muitos artistas contemporâneos tentam retomar relação com a figura também, porque a figura é também uma forma suscetível de atrair uma empatia maior por parte do público. Você vê que a figura voltou na arte. A matéria voltou. Você tem menos arte abstrata. Isso é muito interessante, também porque a matéria estabelece uma relação.

Agência Brasil: Anne, para terminar, quais são as suas expectativas em relação a essa temporada. Depois de tanto trabalho o que que você espera para este segundo semestre?

Anne Louyot: Para mim, é um manifesto de amizade. Eu acho que os franceses têm uma empatia muito grande e uma simpatia natural em relação ao Brasil. Eu queria que essa temporada fosse realmente um manifesto de renovação da nossa amizade, e que o Brasil possa descobrir outras caras da França, e que isso possa gerar novas curiosidades, novos projetos, novas obras. E que seja um recado também para nossas juventudes continuarem a trabalhar juntas para um mundo melhor.

*A repórter viajou a Paris a convite do Instituto Francês, entre os dias 17 e 24 de maio.

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