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Tarefa de lideranças negras é criar consciência crítica, diz escritor

29.05.2025 4 min read

Homens negros, vestidos de branco, entraram primeiro na sala. Alguns mais velhos e outros mais novos, com suas cabeças devidamente protegidas por uma espécie de quepe. Chamados de ogãs, nas religiões de matriz africana, eles se posicionaram no centro do palco, diante de atabaques, e iniciaram toques saudando Exu. O orixá é conhecido por eles como o mensageiro, responsável pela comunicação entre as divindades, no orum e o ayê, o plano onde vivem os seres humanos. Eram integrantes da Orquestra Brasileira de Atabaques Alabê Fun Fun.

O ritual antecedeu a palestra do convidado Nei Lopes – escritor, compositor e cantor – sobre a afrodiáspora na América Latina. Aos 83 anos, completados no último dia 9 de maio, o intelectual, dono de quatro títulos doutor honoris causa concedidos por universidades (Federal do Rio Grande do Sul, Federal Rural do Rio de Janeiro, Federal do Rio de Janeiro e Estadual do Rio de Janeiro), de dois prêmio Jabuti, autor de 40 livros e de mais de 350 canções, Lopes é reconhecido como um oráculo, aquele que vê o futuro, por colaborar com o pensamento negro brasileiro, apontando caminhos e leituras sobre a história africana e afro-brasileira.

Ele falou nessa quarta-feira (28) a uma plateia de estudantes de escolas públicas, majoritariamente negros, em evento do Sesc no Rio de Janeiro. Lopes chamou para si a tarefa de apresentar momentos históricos e pensamentos que tentaram apagar a contribuição negra na formação do Brasil e estão na base do racismo estrutural e de desigualdade diversas entre brancos e negros, além de intelectuais e movimentos que alertaram para essa estratégia, como Frantz Fanon, da Martinica, e Carlos Moore, de Cuba.

“A grande tarefa das lideranças negras é fazer o povo negro elevar sua consciência, ou seja, desenvolver a consciência crítica para que se conheça adequadamente sua realidade, passado e presente. Só assim será possível afirmar a sua identidade e autoestima para ser finalmente produtivo e feliz”, explicou o pensador.  

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Em cerca de uma hora, Lopes partiu de 1822, quando o Brasil tornou-se independente de Portugal e repassou cerca de 200 anos de história, citando razões econômicas sobretudo, mas também políticas e sociais, para o racismo estrutural, de interesse das elites econômicas do país. Elas deram um jeito, em vários momentos, de deixar os descendentes dos africanos escravizados de fora do desenvolvimento, sem poder estudar, por não ser permitido, sem poder adquirir terras (em função da Lei de Terras), sem representação justa em órgãos públicos e privados e marginalizados, submetidos a uma série de violências físicas e simbólicas, como as teorias eugenistas (raciais), a apreensão pela polícia de artigos religiosos e até a prisão de sacerdotes de religiões de origem afro. 

De todo o percurso até os dias de hoje, Lopes destacou que somente em 1998, cem anos após a abolição, o Estado reconheceu todas as pessoas como iguais, assim como os bens materiais e imateriais de grupos marginalizados na nova Constituição Federal. 

“Na construção da nossa nacionalidade brasileira, o elemento negro foi fundamental, imprimindo marcas profundas no modo de ser brasileiro — e na construção da riqueza das elites do país a partir de conhecimentos trazidos de África”, disse. “No entanto, a estruturação da sociedade foi feita com base no supremacismo europeu sobre os demais grupos sociais, como indígenas, e principalmente africanos”, lembrou. 

Lopes apresentou ainda o pensamento de intelectuais negras, como a cientista Joana dos Santos. Destacou que o caminho de afirmação da identidade negra pode ser libertador para compreender as formas de operação e origens do racismo estrutural, por pressupor um processo no qual é necessário  refletir e compreender a própria história para “distinguir e assumir plenamente sua originalidade, riqueza étnica e cultural”, além de “permitir um exame analítico de sua situação [de vida], seu destino e participação ativa na condução dos mesmos, a partir de concepções e interesses”.

Consciente de seu papel no terreno da educação, o intelectual também falou sobre Frantz Fanon. O filósofo da Martinica é conhecido por explicar como o colonizador, na trajetória de países com passado escravocrata, como forma de dominação, convenceu negros de que eles não tinham valor.

“O racismo é um aspecto do colonialismo no qual o colonizador procura valorizar a si desvalorizando o colonizado, levando-o a uma espécie de reflexão muda, assim imaginada: ‘já que não sou branco, nem rico, nem inteligente, não sou nada, então, só me resta seguir o modelo ditado pelo colonizador'”, disse Lopes. Isso explica, de acordo com Fanon, o fato de “muitos negros, ao longo da formação do Brasil, terem introjetado conceitos segundo os quais a beleza e a inteligência são essencialmente brancos”, afirmou.

Para terminar, Nei Lopes deixou aos jovens a mensagem de que somente conhecendo a si, a própria história e origens é possível deixar de ver o racismo como algo natural. “A afirmação da identidade negra confere ao ser humano afrodescendente o lugar de fala. Ou seja, a prerrogativa de ser um sujeito de sua própria história a partir de suas peculiaridades culturais e psicológicas, bem como de ser narrador da história de seus antepassado africanos. Confere também a oportunidade de recusar e denunciar a base  supremacista branca que caracteriza o racismo estrutural na formação do Brasil”, afirmou.

Nei Lopes falou por cerca de uma hora na abertura do 3º Congresso Internacional de Estudos Afrodiaspóricos, em evento organizado pelo Sesc do Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo, em libras e em inglês. O vídeo está disponível no Youtube da instituição.

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