Secretaria de SP recua sobre volta ao presencial no edifício Martinelli após constatar contaminação na água

A Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) de São Paulo (SP) voltou atrás da decisão de retornar ao trabalho presencial após constatar que a rede de água de alguns andares do Edifício Martinelli, no centro histórico da capital, ainda está contaminada.
Na quinta-feira (6), a pasta havia enviado um comunicado aos trabalhadores informando que as atividades presenciais seriam retomadas nesta sexta-feira (7). Horas depois, no entanto, um segundo comunicado informou que o regime de teletrabalho deve ser mantido.
“Todas as recomendações dos órgãos de vigilância estão sendo seguidas para garantir a segurança no consumo de água para todos os frequentadores do prédio. Com as medidas corretivas em andamento, informamos que seguiremos em regime de trabalho remoto nesta sexta-feira (07)”, diz um trecho do informe.
O comunicado afirma, ainda, que “a qualidade da água e a segurança do retorno ao trabalho presencial estão sendo atestadas pela COVISA [Coordenação de Vigilância em Saúde] e outros entes competentes, garantindo um ambiente seguro para todos”.
Após as medidas corretivas, um novo laudo para atestar a qualidade da água foi apresentado nesta terça-feira (4), confirmando que a água está potável e própria para consumo somente do 17º até o 26º andar. Os andares abaixo do 16º continuam sem liberação para consumo de água.
No local, a SMUL funciona do 17º ao 22º piso, com um refeitório e uma praça de atendimento de recursos humanos no oitavo andar. No prédio também estão a Secretaria Municipal de Subprefeituras, do 23º ao 24º, com refeitório e alguns departamentos do décimo andar. Por fim, a Secretaria de Habitação está nos andares 7º, 9º, 11º e 22º.
Contaminação de trabalhadores
O regime de teletrabalho está vigente desde que os trabalhadores foram infectados com água contaminada pela bactéria Escherichia coli, presente em coliformes fecais. A presença dos microrganismos foi constatada após análises de amostras coletadas pela Covisa. De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), pelo menos 400 trabalhadores foram infectados.
Com a confirmação, no dia 24 de janeiro, a administradora do condomínio determinou a suspensão e a proibição do uso da água para consumo em todos os pontos do edifício, como pias de copa e refeitório, bebedouros, pias de sanitários e chuveiros. Paralelamente, o teletrabalho foi instituído para que fosse realizada a higienização e desinfecção dos reservatórios de água, bebedouros e torneiras.
A contaminação se deu após uma infiltração no reservatório principal do prédio devido a um vazamento na rede pública externa da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), privatizada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no ano passado.
Os trabalhadores afirmam, no entanto, que esta não é a primeira vez que problemas do tipo acontecem no prédio. "O pavimento da rua Líbero Badaró tem um cheiro podre, de esgoto, há muito tempo. Já tivemos outras situações de trabalho remoto por motivos de segurança sanitária. O edifício tem um problema sério de encanamento e esgoto", diz um trabalhador.
O Brasil de Fato solicitou à SMUL e Prefeitura de São Paulo um posicionamento sobre o assunto e aguarda um retorno.