Brasil, EUA, União Europeia, ONU: Mundo condena Israel, que segue bombardeando Gaza
O massacre de mais de cem palestinos, mortos por soldados israelenses na Faixa de Gaza enquanto esperavam por comida na quinta-feira (29), vem sendo amplamente condenado em todo o mundo, um dia depois. Estados Unidos, China, União Europeia e a ONU, entre outros, emitiram notas de condenação e exigiram explicações do governo de Israel.
Uma das manifestações mais indignadas veio da chancelaria brasileira. O Itamaraty disse que "trata-se de uma situação intolerável, que vai muito além da necessária apuração de responsabilidades pelos mortos e feridos de ontem".
Além de expressar solidariedade ao povo palestino e repúdio a ações militares contra civis, o MRE lembra que o desespero, fome e sede crescentes dos habitantes de Gaza vem sendo denunciadas há tempos, mas "ainda assim, a inação da comunidade internacional diante dessa tragédia humanitária continua a servir como velado incentivo para que o governo Netanyahu continue a atingir civis inocentes e a ignorar regras básicas do direito humanitário internacional".
"Declarações cínicas e ofensivas às vítimas do incidente, feitas horas depois por alta autoridade do governo Netanyahu, devem ser a gota d’água para qualquer um que realmente acredite no valor da vida humana. O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal."
Pelo mundo
Nos EUA, o presidente, Joe Biden, reconheceu que o massacre dificulta as negociações de trégua para a entrada de ajuda humanitária e e troca de reféns. Biden exigiu respostas do governo Netanayahu e uma investigação completa.
A União Europeia também pediu que o incidente seja investigado. Os governos de França e Alemanha – país que geralmente evita críticas diretas a Israel – engrossaram os pedidos individuais por respostas.
A Espanha e a Itália ressaltaram a necessidade "urgente" de trégua. A China também fez apelo similar, exigindo garantias de que as população de Gaza receba ajuda humanitária. A Índia – dos maiores aliados israelenses na Ásia – se disse "profundamente chocada com as mortes de civis que esperavam ajuda".
No Oriente Médio, a Arábia Saudita – país que, pouco antes dos ataques do Hamas em outubro estava próximo de assinar um acordo histórico em que reconhecia Israel – condenou "os ataques das forças de ocupação contra civis indefesos". A Liga Árabe disse que o ataque "despreza a vida humana" e o Catar – um dos negociadores da possível trégua – pediu "ação internacional para acabar de maneira imediata com a agressão [israelense]".
Na quinta, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu a portas fechadas para discutir o incidente em uma reunião de emergência.
O massacre
Soldados israelenses dispararam contra uma multidão de palestinos que se reuniram na Cidade de Gaza para receber ajuda humanitária nesta quinta. Israel admitiu que os militares dispararam contra os famintos por se sentirem "ameaçados".
Na confusão que se seguiu, mais de 700 pessoas ficaram feridas, seja por balas ou pisoteadas. Testemunhas relataram à Agência France Press (AFP) que viram milhares de pessoas correndo na direção dos caminhões de ajuda humanitária que se aproximavam da rotatória de Nablus, ao oeste da Cidade de Gaza, principal cidade do norte do território.
View this post on Instagram
A post shared by Brasil de Fato (@brasildefato)
O incidente não impediu Israel de seguir suas operações militares contra a Palestina. Durante a madrugada de sexta foram registrados novos bombardeios israelenses contra Gaza, em particular em Khan Yunis e Rafah, no sul do território, onde milhares pessoas buscam refúgio.
Bombardeios noturnos e combates entre soldados de Israel e guerrilheiros do Hamas foram registrados na Cidade de Gaza e Khan Yunis. Fontes palestinas dizem que nas últimas 24 horas foram mortos pelo menos 193 pessoas, elevando o número de vítimas a 30.228 mortos.
Faixa de Gaza / Brasil de Fato