Justiça por Marielle (finalmente?)
Desde que Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados, ecoam gritos de justiça de todos os cantos do Brasil e do mundo. Desde o dia 14 de março de 2018, o Brasil de Fato seguiu de perto a perseguição aos autores do atentado que marcou a história da política brasileira.
De lá para cá, vimos Marielle tornar-se um símbolo da luta por direitos, da defesa da democracia, contra o racismo e o machismo. Vimos seu nome nas entradas de inúmeras ocupações da reforma urbana e da reforma agrária, em coletivos e agremiações de todo o país. Marielle segue fazendo política e vive, na história e nas páginas do Brasil de Fato.
Vive nas mulheres que desafiam o patriarcado na política. Nas mulheres negras que desafiam o poder dos homens brancos. Marielle tornou-se o horizonte, a inspiração para enfrentar a violência política que atenta contra a voz e a vida daquelas que seguem sua luta.
A partir de hoje (30), nos debruçamos sobre um novo e importante capítulo dessa história: a cobertura do júri popular que decidirá se Ronnie Lessa e Élcio Queiroz serão condenados pela execução de Marielle e Anderson.
De dentro do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), traremos informações sobre os depoimentos dos réus confessos, das testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual e as defesas. Também traremos a repercussão após a divulgação da sentença decidida pelos sete escolhidos do júri popular.
O quebra-cabeça do caso
Por anos, o Brasil perguntou quem matou e quem mandou matar Marielle Franco. Ronnie Lessa e Élcio Queiroz confessaram a execução e apontaram o dedo para os supostos mandantes: os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. O primeiro, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE), o segundo, deputado federal.
Ambos teriam sido acobertados por Rivaldo Barbosa, segundo Lessa e Queiroz. Estamos diante da radiografia do Rio de Janeiro, exposta em alto contraste. Políticos, elite econômica e milicianos. Tudo que Marielle, rival de Carlos Bolsonaro na Câmara do Rio, sempre denunciou.
Aliás, ao longo desse período de investigações, o Brasil de Fato também demonstrou a proximidade – pessoal e política – desses personagens importantes para o desfecho do caso com a família Bolsonaro.
Se já não há suspense sobre os atores envolvidos nesse trágico episódio da história brasileira, há apreensão para saber como a Justiça se posicionará, com alguns dos principais matadores e políticos cariocas no banco dos réus.
E você acompanha tudo isso, como sempre fez, de perto, no Brasil de Fato. E ainda pode nos ajudar a seguir cobrindo assuntos espinhosos, tristes, mas extremamente relevantes, no Brasil e no mundo. Apoie o Brasil de Fato.
Estaremos lá. Que haja justiça.
Igor Carvalho, repórter
Rodrigo Chagas, coordenador de redação