Bloco Ilú Obá De Min abre carnaval de rua com tributo a Marielle e famílias vítimas de genocídio
O carnaval de rua de São Paulo foi aberto oficialmente na noite desta sexta-feira (9), com o bloco afro Ilú Obá de Min, que promove manutenção da cultura de matriz africana no Brasil, com destaque especial para o fortalecimento das mulheres negras.
O enredo “Irúgbìn: Família Franco – Marielle” prestou uma homenagem à vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e seu motorista, Anderson Gomes, ambos assassinados em 2018.
O bloco teve o encontro dos pais de Marielle, Antonio e Marinete Silva, com integrantes do movimento Mães de Maio, uma rede de mães, familiares e amigos de vítimas da violência do Estado. A filha da ex-vereadora, Luyara Santos, também participou.
Com cerca de 400 integrantes entre bateria e corpo de dança, o coletivo entoou cânticos de justiça contra o genocídio da população negra, exigindo respeito às religiões de matriz africana e aos corpos negros desumanizados pela sociedade.
O cortejo começou às 20h na Praça da República, no Centro de São Paulo e seguiu rumo ao Largo do Paiçandu, onde terminou. Os foliões dançaram ao som de trambores, xequerês, agogôs, com centenas de dançarinos e pernaltas.
O bloco afro Ilú Obá de Min realiza uma nova apresentação neste domingo (11), com concentração a partir das 13h, na Rua Conselheiro Brotero, 195, na Barra Funda. e início do cortejo às 14h. De lá o grupo conduz os foliões até o Galpão do Armazém do Campo, na Alameda Eduardo Prado, 474, em Campos Elíseos.
Carnaval de São Paulo tem cultura africana como destaque na primeira noite
Avanços nas investigações
A homenagem à Marielle e Anderson ocorre em meio a avanços importantes nas investigações sobre a morte da vereadora.
No final de janeiro, Ronnie Lessa, ex-policial militar, em delação premiada, apontou Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), como um dos mandantes do crime.
Uma das possíveis motivações para o crime seria, de acordo com a investigação, o trabalho de Freixo e Marielle na CPI das Mílicias. A tese foi defendida em maio de 2020, pela ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça, quando a corte debateu a possível federalização do caso.
Entenda a ligação da família Brazão com o caso Marielle Franco
"Cogita-se a possibilidade de Brazão ter agido por vingança, considerando a intervenção do então deputado Marcelo Freixo nas ações movidas pelo Ministério Público Federal, que culminaram com seu afastamento do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro", afirmou a magistrada.